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Lynda Carter a eterna Mulher Maravilha |
E, assim, desencantada, decidi crescer, isto é, mudar o foco, também pudera, já estava crescidinha. No entanto, após todos esses anos de desilusão (eu devia ter procurado um terapeuta), ocasionado pela crença em super-heróis, que não ligam a mínima para os tupiniquins que habitam essa terra, localizada abaixo da linha do equador, descobri com tristeza e pesar que, por essa omissão deles, os bandidos invadiram o nosso território, visto que, lá pra cima, o povo aprendeu com os seus heróis a não permitir que vilões comparados ao Coringa, Pinguim, Lex Luthor, entre outros, assaltem ou corrompam, sem que com isso sejam exemplarmente punidos. Lá a justiça e o sistema prisional funcionam. É verdade que volta e meia um deles consegue escapar, mas aí entra a Liga da Justiça, que o captura, novamente.
Ufa! Depois de, finalmente, conseguir sair desse retardo alienatório da terra do Tio Sam (já não era sem tempo), procurei por um super-herói que fosse genuinamente nacional, e encontrei o HG – Homem Grilo, cujo poder foi conquistado através da “mordida” de um grilo radioativo (dãããããã... grilos não mordem). Mais uma decepção para a minha coleção, o forte impacto dessa informação me deixou preocupada... Nossa defesa estava nas “mãos” de um inseto! Agora me respondam, por que um grilo, quando temos uma fauna tão diversificada e mais interessante? Ah, deixa pra lá! Além de tudo o HG deve ter ido “cantar” noutra freguesia. A coisa podia ser pior, imagine se eles tivessem optado pelo HBP – Homem Bicho Preguiça; HA – Homem Anta...
*Agora, se for para escolher um capitão, que tal o brilhante, ambíguo, trambiqueiro, atrapalhado, louco e fascinante Capitão Jack Sparrow...
Povo heróico bravo e retumbante
Contudo, a maturidade nos leva a capricharmos mais em nossas escolhas e a “mergulharmos” numa reflexão profunda, ainda mais quando somos inspirados pelo mais belo Hino Nacional: o nosso. E, portanto, nele acomodei meus pensamentos e, assim, passei a ponderar sobre nós, os brasileiros, gigantes pela própria natureza, que conseguem, mesmo com tantas dificuldades, conquistar com braços fortes, em nome dessa pátria amada e idolatrada chamada Brasil. Mas que, no entanto, não encontram na justiça a “clava” forte, mas que nem por isso fogem à luta... Povo esse, heróico bravo e retumbante, e que colossalmente atua com dignidade nas mais diversas categorias profissionais: bombeiros, policiais, médicos, professores, trabalhadores assalariados, etc. Cidadãos esses que, silenciosamente, bradam por melhores condições de trabalho e salário, e que por isso mesmo são super poderosos, no momento em que atuam com esforço e dedicação em prol de toda a sociedade, para sobreviver e sustentar suas famílias dignamente, sem recorrer a vilanias.
Em suma, se a axiologia do super-herói ensina que é necessário a ele ter a coragem, determinação, solidariedade, bondade, amizade, lealdade, perseverança e além de tudo ter um compromisso com a verdade e não fugir às suas responsabilidades, quem está mais propício a receber esse título honorífico por essa missão cumprida, diariamente, senão esses brasileiros que, tão similares aos nossos pais e a nós mesmos, apesar de estar longe desse arquétipo de herói clássico, e sem a intenção de fazer um pastiche, são suficientemente capazes de operar milagres com suas ações cotidianas, para como super-heróis, mesmo desprovidos do uso de máscaras, se reconhecerem e não morrerem de fome e de desesperança... É assim que nós, cidadãos brasileiros, desafiamos o nosso peito à própria morte, diariamente, sem, infelizmente, o “heroísmo” do Estado a nos defender e proteger, e, enquanto isso, os únicos que parecem estar deitados eternamente em berço esplêndido são aqueles que o governam.
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