domingo, 5 de junho de 2011

Drogas X Adolescentes

A
 maturidade nos leva a pensar que a adolescência, por sua característica conturbada e emocional, é uma etapa que bem poderíamos pular, obviamente sem perdermos o viço e a energia, inerentes a essa idade, que mal se dá conta do quanto é bom ascender. Digo isso ao lembrar-me do quanto é complicado, nessa fase de transição da vida humana, quando há uma profunda ebulição hormonal e sentimental, onde aumenta a necessidade de transgredir, ousar, desafiar, contestar... Enfim, devido a esse "descontrole" juvenil, provocado por essa intensa descarga hormonal, filhos e pais são levados a se confrontarem, constantemente. Diante disso, surgem verdadeiros “combates” familiares, que algumas teorias psicológicas explicam como sendo uma consequência natural ao crescimento do adolescente, quando, nessa fase, ocorre uma separação do indivíduo em relação à sua família, a fim de possibilitar a formação de sua própria identidade. Contudo, por que para alguns é mais difícil fazer essa “travessia” à fase adulta do que para outros? Talvez a resposta esteja, justamente, nos rompantes da imaturidade, cuja inexperiência tem levado, muitos desses jovens, mais impulsivos e, portanto, mais difíceis de serem controlados, a se aventurarem por caminhos tortuosos, que não raras vezes  os levam a autodestruição, com o consumo exagerado de drogas. Então, me vem à mente um pensamento de Nietzsche sobre o perigo de se olhar para o abismo, porque ele termina olhando de volta. E, com isso fica o alerta: só sobreviverá aqueles que conseguirem suportar o tal olhar que o abismo lança de volta.
No domingo, 29 de maio, no Fantástico, o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, se declarou a favor da regulamentação ao uso da maconha. Ele, inclusive, conduz o documentário “Quebrando o tabu”, onde, além de defender a descriminalização do uso de drogas, afirma, também, que há muito tempo a guerra contra as drogas fracassou. A relevância desse assunto justifica-se dado seu aspecto social. A questão é extremamente inquietante, pois, para atender ao consumo destas substâncias, cada vez maior, desenvolve-se a atividade do tráfico de drogas, corrompendo autoridades, criando um exército de “foras da lei”, em casos mais preocupantes, criaram-se “estados” dentro do Estado.
DROGAS - Entretanto, o que muitos não sabem é que essas substâncias utilizadas para produzir alterações, mudanças nas sensações, no grau de consciência e no estado emocional, e que são “potencializadas” de acordo com o psiquismo de cada um, podem deprimir, estimular ou perturbar a atividade do Sistema Nervoso Central e são chamadas de psicotrópicas, podendo levar o indivíduo a uma “viagem” sem retorno. No entanto, por considerarmos apenas produtos como a maconha, a cocaína, o crack, a heroína, solventes e inalantes, entre outras, como sendo ilegais, pouco se fala sobre as outras substâncias que, apesar de serem legalizadas, representam o mesmo perigo à saúde, como o álcool e o cigarro: drogas, assim como as demais.
Álcool - Basta uma observação amiúde para notarmos que, atualmente, jovens e adultos estão numa “curtição” de beber até cair. Alguns saem de casa para as "baladas" já com esse firme propósito: “entornar o caldo”. A diversão, portanto, fica relegada ao plano da “bebedeira”, e tudo isso com a conivência passiva da sociedade, que aprendeu, também, a só se divertir “movida a álcool”. Convenhamos, será que a maconha é mais nociva que o álcool?
Cigarro - Dentro desse contexto, o cigarro é outro vício que, mesmo tendo sido “camuflado”, numa versão para jovens, com a inclusão em sua composição de mais aditivos químicos, cujo objetivo é disfarçar o aroma e o sabor, continua matando, da mesma forma. E aqui a responsabilidade não é somente da sociedade ou dos pais, mas da indústria tabagista, que mesmo negando, faz todo o possível para seduzir, cada vez mais, os jovens ao vício.
Os cúmplices - Navegando pela internet, durante poucos minutos, encontramos milhares de fotos e vídeos, onde pais zelosos e amorosos expõem de forma deprimente sua ebriedade, ao lado dos seus filhos menores de idade – aqui a idade é somente um detalhe -, durante “inocentes” festas “tradicionais e familiares”. O que chama a atenção ao fato é que esses pais estão se esquecendo de que têm a responsabilidade de dar bons exemplos, sempre. Ainda assim, os "tontos" - me desculpem pelo trocadilho - mesmo trocando os pés e enrolando a língua, ao serem pegos nessa situação vexatória, pelos seus filhos, usam o velho argumento: “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Muito conveniente! Agindo dessa maneira acabam postergando sua culpa, sem imaginar que, futuramente, terão que lutar para que seus filhos não se espelhem nos seus atos.
Em resumo, enquanto a nossa sociedade permanecer machista e hipócrita, os jovens continuarão sendo incentivados a entrar no mundo das drogas. Os garotos, mesmo veladamente, sofrem pressão bem maior do que as garotas, já que há um conceito fálico de que a bebida e o cigarro conferem a eles um símbolo a mais de masculinidade. Ledo engano! O paradoxo está justamente no fato de que a junção dessas drogas tornará o jovem, precocemente, impotente, quiçá estéril. Aliás, lembrei agora de um pensamento de Herbert Marcuse: o tempo não cura nada, mas tira o incurável do foco central. Pense nisso, antes de se embriagar e fumar à presença daqueles que precisam e dependem de você como referência, para, somente assim, crescerem fortes e inteligentes o bastante para dizer não a todas às drogas, lícitas ou ilícitas. Essa é uma escolha singular, mas a pluralidade dos espelhos pode influenciar, muito. Maconha, cigarro, álcool... Regulamentadas ou não, TUDO ISSO É... DROGA! O diálogo, o bom senso e os bons exemplos são as únicas formas eficazes de combatê-la.

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