A
|
maturidade nos leva a pensar que a adolescência, por sua característica conturbada e emocional, é uma etapa que bem poderíamos pular, obviamente sem perdermos o viço e a energia, inerentes a essa idade, que mal se dá conta do quanto é bom ascender. Digo isso ao lembrar-me do quanto é complicado, nessa fase de transição da vida humana, quando há uma profunda ebulição hormonal e sentimental, onde aumenta a necessidade de transgredir, ousar, desafiar, contestar... Enfim, devido a esse "descontrole" juvenil, provocado por essa intensa descarga hormonal, filhos e pais são levados a se confrontarem, constantemente. Diante disso, surgem verdadeiros “combates” familiares, que algumas teorias psicológicas explicam como sendo uma consequência natural ao crescimento do adolescente, quando, nessa fase, ocorre uma separação do indivíduo em relação à sua família, a fim de possibilitar a formação de sua própria identidade. Contudo, por que para alguns é mais difícil fazer essa “travessia” à fase adulta do que para outros? Talvez a resposta esteja, justamente, nos rompantes da imaturidade, cuja inexperiência tem levado, muitos desses jovens, mais impulsivos e, portanto, mais difíceis de serem controlados, a se aventurarem por caminhos tortuosos, que não raras vezes os levam a autodestruição, com o consumo exagerado de drogas. Então, me vem à mente um pensamento de Nietzsche sobre o perigo de se olhar para o abismo, porque ele termina olhando de volta. E, com isso fica o alerta: só sobreviverá aqueles que conseguirem suportar o tal olhar que o abismo lança de volta.
No domingo, 29 de maio, no Fantástico, o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, se declarou a favor da regulamentação ao uso da maconha. Ele, inclusive, conduz o documentário “Quebrando o tabu”, onde, além de defender a descriminalização do uso de drogas, afirma, também, que há muito tempo a guerra contra as drogas fracassou. A relevância desse assunto justifica-se dado seu aspecto social. A questão é extremamente inquietante, pois, para atender ao consumo destas substâncias, cada vez maior, desenvolve-se a atividade do tráfico de drogas, corrompendo autoridades, criando um exército de “foras da lei”, em casos mais preocupantes, criaram-se “estados” dentro do Estado.
DROGAS - Entretanto, o que muitos não sabem é que essas substâncias utilizadas para produzir alterações, mudanças nas sensações, no grau de consciência e no estado emocional, e que são “potencializadas” de acordo com o psiquismo de cada um, podem deprimir, estimular ou perturbar a atividade do Sistema Nervoso Central e são chamadas de psicotrópicas, podendo levar o indivíduo a uma “viagem” sem retorno. No entanto, por considerarmos apenas produtos como a maconha, a cocaína, o crack, a heroína, solventes e inalantes, entre outras, como sendo ilegais, pouco se fala sobre as outras substâncias que, apesar de serem legalizadas, representam o mesmo perigo à saúde, como o álcool e o cigarro: drogas, assim como as demais.



Em resumo, enquanto a nossa sociedade permanecer machista e hipócrita, os jovens continuarão sendo incentivados a entrar no mundo das drogas. Os garotos, mesmo veladamente, sofrem pressão bem maior do que as garotas, já que há um conceito fálico de que a bebida e o cigarro conferem a eles um símbolo a mais de masculinidade. Ledo engano! O paradoxo está justamente no fato de que a junção dessas drogas tornará o jovem, precocemente, impotente, quiçá estéril. Aliás, lembrei agora de um pensamento de Herbert Marcuse: o tempo não cura nada, mas tira o incurável do foco central. Pense nisso, antes de se embriagar e fumar à presença daqueles que precisam e dependem de você como referência, para, somente assim, crescerem fortes e inteligentes o bastante para dizer não a todas às drogas, lícitas ou ilícitas. Essa é uma escolha singular, mas a pluralidade dos espelhos pode influenciar, muito. Maconha, cigarro, álcool... Regulamentadas ou não, TUDO ISSO É... DROGA! O diálogo, o bom senso e os bons exemplos são as únicas formas eficazes de combatê-la.
Nenhum comentário:
Postar um comentário