domingo, 19 de junho de 2011

Atire a primeira pedra paleolítica

 
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á quanto tempo o homem caminha sobre a Terra? Estudos indicam que há cerca de 200.000 anos vários grupos dos Neanderthais já ocupavam parte do Velho Mundo. Período esse denominado de Paleolítico. No entanto, pretendo aqui estabelecer uma simbólica "conexão"  com esses nossos ancestrais com o intuito de promover uma singular comparação evolutiva entre eles e o "homem moderno" no campo da racionalidade, visto que, naqueles tempos, a probabilidade de um homem morrer pelas mãos de outro era de 60%, devido ao grau de estupidez dessas criaturas, cujo forte não era a comunicação e o entendimento.  É evidente que ao longo desses milhares de anos a evolução acabou concedendo ao ser humano a capacidade de se colocar no lugar do outro, essa empatia, em algum momento, fez com que ele passasse a imaginar e se sensibilizar com a realidade que o outro vive.  Entretanto, ainda hoje, o homem não aprendeu a dominar seus ímpetos, e facilmente extrapola o campo da racionalidade, assim como os seus ancestrais da Idade da Pedra Lascada, já que cai naturalmente na armadilha de suas emoções, impelido pela inveja, cólera, ódio, rancor e até mesmo pela paixão. Esse atraso “mental” o equipara, então, ao homem primitivo.  A partir dessa premissa se chega à conclusão de que a humanidade ainda, em pleno século XXI, não saiu totalmente das cavernas, como quer acreditar, visto que não aprendeu a lidar, também, com as diferenças  dos seus semelhantes, sejam elas no campo religioso, cultural, ideológico, sexual, político e social. Eis a pergunta que não quer calar: por que não evoluímos significativamente de modo a aceitarmos o outro plenamente?

Ainda crianças, somos “obrigadosa nos posicionar sobre tudo: preferências de um modo geral...  Opções essas que partiram em função dos interesses daqueles que nos educaram e que fizeram parte do nosso convívio: pais, avós, irmãos, tios, amigos... Então, na verdade, podemos afirmar que as nossas escolhas, obviamente, não são exclusivamente nossas, no momento em que sofremos um “bombardeio” de influências educacionais, através de indivíduos que fizeram e ainda fazem parte das nossas vidas. Será que podemos supor, com isso, que somos a soma do meio em que estamos inseridos? É provável, já que absorvemos essa influência cultural o tempo todo. Contudo, se espera que, ao crescer, o homem amadureça, evolua e siga o seu próprio caminho em busca de sua verdadeira identidade, e, a partir daí, consiga raciocinar de forma independente, dispensando assim a interferência do outro, em sua vida. É isso o que deveria acontecer, porém nem sempre acontece. Visto que o ser humano é resistente a mudanças de valores, e com isso paradigmas são dificilmente quebrados. Assim sendo, por desconhecerem os fatores que permeiam à integração social, cuja inserção permite a formação de teias de sociabilidade, muitas dessas pessoas se isolam em “ilhas” onde a singularidade de ideias os separa daquilo que eles conceituam como sendo a “escória” da humanidade, passando o resto do mundo a não existir mais para eles. Desse modo, se formam grupos sociais radicais, totalmente apáticos, ultraconservadores, ultrapassados e isolados, que acreditam que somente a eles Deus proverá e salvará da danação do inferno eterno, já que tomaram para si a missão de “salvar o mundo” dos impuros, indignos... -  concepção essa exclusivamente deles, obviamente. Eis o nascimento do fanatismo religioso, dos extremistas, racistas, machistas, homofóbicos, feministas e até mesmo das violentas torcidas organizadas.
É essa distorção cultural que gera a intolerância e atiça o preconceito em suas múltiplas formas. Ah, convenhamos, nada pior do que indivíduos que não têm capacidade de ter um raciocínio lógico; sem essa habilidade intelectual, esses sujeitos “cegos” se deixam manipular pelos outros, seguindo doutrinas ultrapassadas, desprovidas de racionalidade, formando “bandos, bondes, gangues, torcedores fanáticos/agressivos...”

No entanto, esse comportamento irracional e pré-histórico, não se restringe somente aos fanáticos, mas também aos preconceituosos, que cresceram acreditando que por pertencerem a uma determinada religião, sexo, cultura, cor, raça e posição social, são superiores aos demais.  Portanto, existe, sim, uma constatação de que fanáticos e preconceituosos, por sua estupidez, são mesmo "farinhas do mesmo saco". A preocupação é relevante no momento em que paramos para pensar que são essas pessoas que impedem um avanço significativo em nossa esfera cultural, quiçá espiritual, enquanto “atrapalham” o desenvolvimento intelectual e social de todos os seres humanos.


      Alienação e atraso  


Por essa perspectiva, apresentada no texto acima, se pode “enquadrar” o torcedor fanático, dentro desse contexto, já que, muitas vezes, esse não tem a mínima noção do real motivo que o levou a escolher um time ao outro, - talvez tenha sido influenciado pelos parentes, pela mídia ou amigos... Contudo, ele é capaz de se autodestruir, destruir amizades e até a própria família, em nome dessa paixão escolhida aleatoriamente. O exagero desse quadro comportamental leva a crer que o caso está mais para uma patologia do que para um entretenimento esportivo - sempre saudável.  Entretanto, o fato se torna relevante pela complexidade do assunto em questão, já que é incompreensível um indivíduo não entender que, mesmo com toda a sua devoção doentia ao seu time, os jogadores, os dirigentes e a comissão técnica, muito provavelmente, jamais darão a mínima importância se acaso ele vier a falecer, adoecer, ficar desempregado, ou mesmo se precisar de ajuda financeira, já que todos eles estão ali, também, como simples funcionários do clube esportivo, e, mesmo gostando do esporte, a maioria não hesitaria em trocar de “clube” por um salário maior ou condições melhores de trabalho, ainda que a oportunidade surgisse a convite do time rival. Portanto, eu gostaria de entender o motivo pelo qual esse torcedor fanático, abre mão de coisas realmente significativas em sua vida, por algo tão efêmero, e que além de tudo está sempre em constante mutação – trocam técnicos, jogadores, dirigentes... Então, a quem ele deve tanta lealdade? Será que já parou para pensar, de fato, no que mudará significativamente em sua vida se acaso seu time perder ou ganhar? O mesmo deveriam pensar as tietes histéricas em relação aos seus ídolos, que geralmente se mostram entediados com os seus comportamentos invasivos, quando tolhem sua privacidade... 
Razão e dignidade são essenciais à evolução humana!









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