domingo, 29 de maio de 2011

Voltando com a politização à sala de aula: lição de cidadania

A urna é a nossa arma contra a corrupção,
não desperdice essa oportunidade

Convém lembrar, antes de iniciar esse texto, que a política tem origem do radical grego ‘pólis’ que significa cidade. Logo, ‘política’ é a arte de governar e gerir os destinos da cidade, e é a atividade que por excelência diz respeito à vida pública.
Devido ao grande número de e-mails que recebi, por conta da postagem anterior, o que confesso ter causado-me grata surpresa, pela intensa repercussão, já que considerava o tema, por sua trajetória histórica, pouco atrativo a maioria dos leitores, decidi, justamente em respeito a vocês, reiterar minha posição e esclarecer algumas dúvidas. Antes de tudo quero aproveitar para agradecer pelos e-mails congratulando-me pelo texto. Muito obrigada!
Mirem-se nesse exemplo
 estudantes brasileiros,
e aprendam com ela
Contudo, pelo que eu percebi, ao ler determinadas mensagens, ficaram certas dúvidas. Dessa forma é necessário elucidar algumas questões. Considero válida a condição à exigência do ensino superior a um candidato que deseje concorrer às eleições, somente após a implantação da política, como disciplina, a ser estudada em sala de aula, de forma ampla e irrestrita a todos os estudantes. E isso, pelos meus cálculos, levaria, no mínimo, mais uns cinco anos, evidentemente se acaso fosse inserido nesse momento às escolas de todo o País. Obviamente, é importante ressaltar que a implantação desse projeto precisa ser, apartidário, coerente e abranger a todas as camadas sociais. Conscientes do seu papel, dentro desse contexto político, a partir da introdução desse projeto às escolas, os jovens compreenderão, verdadeiramente, o seu dever perante as urnas.
Embora o assunto seja recorrente, já que muitos profissionais da área da educação, que não se deixaram alienar, e insatisfeitos com os rumos tomados pela política nacional, defendem não só a formação de alunos mais conscientes dos seus deveres, mas, também, desejam prepará-los para o conhecimento dos seus direitos, visto que serão esses estudantes que, futuramente, padecerão com a imputação da imensa carga tributária e obrigações sociais, cobrados em demasia pelo Estado, que pouco ou nada oferece em contrapartida aos seus cidadãos, deixando uma lacuna colossal entre  o governante e o povo.
Sem esse retorno efetivo às suas necessidades básicas: educação, saúde, justiça, habitação, saneamento básico, etc., o contribuinte perde o interesse e a credibilidade no País, e, apático, repudia tudo aquilo que diz respeito a sua gestão. E o pior, como forma de protesto e de demonstrar o seu desapontamento, ele vota naquele candidato menos qualificado: até mesmo se esse for um palhaço, genuinamente assumido e ignorante. Com essa decisão, movida pela decepção, perdemos todos nós, enquanto cidadãos, cujo maior desafio será o de aprender como se afirmar diante daquele que é o nosso maior trunfo: o voto, individual e intransferível; tão cobiçado por aqueles que só desejam, ao entrar para a vida pública, levar vantagem pessoal. Ainda que seja importante lembrar que a separação do joio do trigo, aqui é necessário. No entanto, essa é a lição maior a ser aprendida, já em sala de aula: a urna é a nossa maior arma, cuja única função é impedir que candidatos ignorantes e de índole duvidosa e políticos corruptos, inescrupulosos e incompetentes possam ser eleitos ou reeleitos.
Essa "criatividade" terá futuro?
 Nesse sentido, considero importante a abordagem dessa temática na expectativa de levá-los a uma efetiva reflexão, proporcionando aos interessados a oportunidade de minimizar a distância verificada pela ausência do domínio do assunto aqui exposto e maximizar a contribuição que poderá haver com a política sendo estudada em sala de aula, contribuindo de forma significativa à evolução e progresso das classes menos favorecidas. A proposta é muito simples: “politização aos estudantes”, já a partir do ensino fundamental. Embora eu não acredite que essa sugestão venha despertar algum interesse às classes dominantes, detentoras do poder, como sempre; já que é muito mais apropriado e fácil governar para os ignorantes. Visto que politização significa “formação da consciência de direitos e deveres políticos” é justo supor que um povo que conhece e entende sua importância para o desenvolvimento e progresso da nação, tem os seus “horizontes” ampliados, assim como a sua autoestima elevada. Isso é uma questão cultural, e está intrinsecamente ligada à educação, que no caso dos brasileiros, apesar de tê-la garantida na Constituição Federal, vem constantemente sendo vilipendiada, pela inércia e/ou omissão governamental.
Em suma, podemos afirmar que somente com as aspirações voltadas ao efetivo esclarecimento conquistado à educação é que se pode “provocar” a impetuosidade no cidadão ao exigir do político um tratamento excelente e versado do erário público, dando à corrupção total intolerância. Esse comportamento é o que nos torna igualitários no âmbito globalizado, é, também, dessa maneira que se exerce a cidadania de forma politizada. Finalizo assim essa matéria, com a esperança de ter sido sucinta e objetiva o bastante para o esclarecimento dessa proposta. Mais uma vez, muito obrigada pelos e-mails que me foram enviados, e que, por total falta de tempo, não consigo responder.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Política à sala de aula: lição de cidadania

Num sentido amplo, aprendemos que política denomina-se como a arte ou ciência de governar, por isso a complexidade desse assunto requer, do prezado leitor, uma efetiva reflexão, já que causa certa “aversão” e descaso a maioria.  Também, com tantos escândalos de corrupção e decepções, como não evitar falar dela. No entanto, precisamos ponderar e aceitar que, apesar dos percalços, a política permeia nossas vidas, seja na educação, segurança, trabalho, saúde..., enfim não há como negar que a política está inserida no nosso cotidiano. 
Imbuídos, nesse novo milênio, da crença na importância da preservação e alargamento dos espaços conquistados na luta pela melhoria da qualidade de vida de cada cidadão, nos pautamos mais pelo desejável do que pelo que nos apresenta como possível. No entanto, a premissa é verdadeira quando se refere à importância de sairmos desse ostracismo, caracterizado pela falta de interesse, generalizada, ao negarmos comprometimento com o desenvolvimento político e social do nosso Estado. 

Esses aí morreram, mas não largaram o osso.
Eles não se parecem com alguns políticos que conhecemos?

Embora seja comum confundir política com politicagem – talvez daí venha à ojeriza aos políticos que a praticam de forma a atender somente aos seus próprios interesses – é preciso analisá-la por uma perspectiva diferente e realmente condizente com a verdade, ainda que muitos se neguem a falar desse tema, cujos ânimos podem levar a discussões “calorosas”, ou, ainda, pior, a uma apatia contundente. No entanto, é necessário ressaltar que a politicagem se dá no momento em que o político entra para a vida pública com um único intuito: defender somente o que lhe for conveniente; por esse motivo, deveríamos abordar esse tema sem demagogias. 
O despreparo da classe política é tão gritante, que basta analisarmos muitos dos candidatos que se apresentam à televisão, em horário de propaganda eleitoral gratuito, e, que, pretensamente, desejam entrar para a vida pública, com a mesma ganância e convicção: “roubar é preciso”; muitos parecem saídos de bailes de carnaval, filmes de ficção científica, circo ou festa de Halloween. Ah, sem contar que existem “mocinhos” que também se candidatam com o mesmo propósito: “encher os bolsos com o dinheiro público”.  Seria cômico se não fosse tão patético e trágico. É óbvio que aqui, também, é preciso separar o joio do trigo, que nesse caso, em particular, torna-se tarefa fácil, devido a pouca quantidade do “cereal”, em questão, no “mercado”. 
 Portanto, defendo, com veemência, a inclusão da política como matéria obrigatória às escolas, já a partir do ensino fundamental. Assim, desde cedo, o aluno aprenderia sobre ética, cidadania, responsabilidade social e ambiental, gestão da coisa pública, ciências políticas, humanas e sociais, etc. A partir daí, deveria ser imperativo, àqueles que sentissem vocação ao “sacerdócio”, passarem por um curso específico, em nível de graduação. Dessa forma o número de “ratos” na política diminuiria, consideravelmente, e não assistiríamos a tantos conchavos, sem impunidade alguma, além do vai e vem de parlamentares, outrora, cassados por improbidade administrativa, e que encontram brechas no sistema ou são anistiados pelos seus “párias”, para retornarem ao poder e assim dar continuidade à roubalheira.
A intenção é chegar ao topo da pirâmide
Entretanto, ainda podemos reverter esse quadro caótico da política nacional, basta que se inclua na educação básica, uma disciplina que aborde o tema de forma a ensinar tanto aos futuros políticos, quantos aos seus futuros eleitores, como se comportar diante do interesse da coletividade. Essa inclusão e à integração escolar, quanto ao assunto, pode alavancar um desenvolvimento baseado no respeito e ajudar na formação de cidadãos que não se deixem comprar por votos, e nem permitam que a corrupção seja vista como algo inerente à política.  
Essa nova proposta de abordagem, no plano individual, aos estudantes, tem, ainda, como objetivo proporcionar de forma, efetiva, a conquista pela igualdade de direitos e de oportunidades, no espaço social, fortalecendo a construção de um cidadão mais consciente de seus direitos e deveres. Porém, é necessário que a sociedade, de fato, se mobilize em torno do tema, partindo do pressuposto que as discussões são essenciais ao assunto proposto, e que uma leitura crítica, sem ambiguidades, pode contribuir muito para a mudança desse quadro execrável da política nacional, e que sofre com essa dualidade da presença ou ausência da participação ativa da população. Cabe destacar, de início, que os benefícios, com a implantação da “política educacional”, proporcionaria aos alunos, o efetivo entendimento do que é ser cidadão, dando-lhes o princípio da igualdade de todos perante a lei.  Assim como o médico, o padre, o pastor, o professor, a política deveria ser uma profissão, sem, obviamente, a dispensa à conquista do voto popular, pois sem democracia não há Estado livre e desenvolvido. Dentro desses princípios democráticos o jovem, então, com o seu diploma em mãos, poderia entrar para um partido e ali desenvolver tudo aquilo que aprendera durante os anos que se especializara. Imagine o quanto sairíamos ganhando, com políticos tratando com seriedade de situações de inclusão social e exclusão da marginalização daqueles que, enquanto agem e pensam, são os seus eleitores, e que aprenderam na escola a identificar o mau e o bom gestor público. Erguer esse pilar significa dar sustentação à democracia, de fato, e proporcionará a todas as classes sociais a oportunidade de se inserirem de forma igualitária, na sociedade da qual fazem parte. Essa é a democracia que se deseja: do discurso à prática! Se você concorda, passe essa ideia adiante.



domingo, 22 de maio de 2011

Ensaio aos apaixonados

A
inda que esteja meio em démodé, já que a “onda”, no momento, é curtir ou simplesmente ficar, o amor, livre e poético, nesse ensaio, não fugirá à regra. Impossível racionalizá-lo diante de sua complexidade. Envolvente, ele é o que torna nossa existência apaixonante; orgânico e perecível, assim como a vida, o amor assemelha-se às plantas: pode ser lindo à contemplação, mas, algumas vezes, danoso aos outros sentidos, e, igual a elas, pede ou não rega, diária, dependerá de sua intensidade e personalidade. Assim é o amor que para germinar é relevante que seus protagonistas saibam cultivá-lo e que não temam enfrentar os desafios impostos, a fim de merecê-lo. Embora sujeito às intempéries, essa nobre emoção, muitas vezes, não resiste à provação e por isso acaba sucumbindo. E aqui, então, muitos dirão que morreu porque não era amor...há controvérsias.
         O fascinante desse sentimento avassalador é que ele possui “vida” própria, pois é praticamente impossível dominá-lo ou detê-lo, ainda mais quando resolve aparecer na improbabilidade do momento, tornando-se combustível a viagens “celestiais”... Aí então é que a situação complica, pois quanto maior a altura maior é a queda. Mas, apesar de todo o risco e, muitas vezes, da dor que traz consigo, ele sempre surge como um sopro de renovação à vida, que já não era mais sentida. E, nesse arroubo, destituído de juízo, ele tudo pode romper, numa evidência clara de que não há limites que possam impedi-lo de mostrar que há vida na vida, que o suor das mãos pode não fazer sentido, mas faz acelerar o coração e ilumina o olhar, cujo brilho demorado e penetrante tem o poder de desnudar a alma do ser amado. Pronto!... Você foi alvejado e está perdidamente apaixonado! Apavorado e descoberto,  você só deseja fugir, porém, suas pernas não obedecem ao seu comando e o seu coração bate com tamanha intensidade que você o sente pulsar no pescoço - é aquela sensação de que ele quer sair pela boca - além do seu olhar traí-lo, completamente. Não, você não deseja fugir, você deseja sublimar e eternizar esse momento que lhe traz à vida, em toda a sua plenitude. É o céu, é o inferno, é o doce é o amargo... E sem conhecer o seu devido lugar, o amor, sem nenhum bom senso se faz de hóspede e lhe invade a alma, num óbvio e total abuso de poder instala-se de vez e usurpa sua vontade. E agora como expulsá-lo ou mandá-lo embora? Mas o que fez com que ele surgisse? Não fora plantado nem regado. E o solo, infértil, não estava preparado para recebê-lo. Mas como já disse Leonardo da Vinci "As mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar". E assim nasce essa emoção, florescendo num coração onde se imaginava que nada mais germinaria? Cresceu com os ventos da admiração; a rega do respeito e a beleza da planta, que finalmente encontrou alguém para apreciá-la. Todavia, o destino caprichoso, nem sempre proporciona a estação propícia ao seu cultivo, que sem opção, muitas vezes, o aniquila, sem que o seu perfume possa ser exalado completamente. Eis aqui o amor impossível, que brota onde jamais deveria e, por isso, muitas vezes, se faz necessário arrancá-lo, matá-lo, esquecê-lo... No entanto, é preciso concordar com o poeta Mário Quintana, Tão bom morrer de amor e continuar vivendo. Essa deve ser a mesma lógica do levado e traiçoeiro Cupido, que ao perceber que sua flecha atingiu o “alvo” errado, simplesmente sorri e muda de direção, sem nenhuma responsabilidade, deixando ao pobre mortal a dor causada pela inconsequência de sua falta de pontaria. Será que essa imortal e alada criatura mitológica já se esqueceu do quanto o seu amor pela mortal Psiquê fora testado por sua mãe, a poderosa Vênus? Creio que sim, caso contrário, não brincaria com os sentimentos dos meros mortais, e trataria de treinar mais, antes de sair por aí, brincando de tiro ao alvo.