sábado, 7 de maio de 2016

Mães, flores e jardins

   

    Por experiência própria no assunto esse deveria ser o tema mais fácil de abordar, mas ao contrário do que possa parecer é muito difícil descrever a peculiar sensação de como ser mãe. Um dos aspectos mais sagrados da natureza, se assim posso dizer, sempre foi a capacidade de gerar filhos, em especial na condição humana. Sempre acreditei que para alcançar êxito nessa função bastaria passar adiante o que havia aprendido com a minha mãe, uma grande amiga e parceira em todos os momentos da minha vida. Uma mulher à frente do seu tempo, que com muita sapiência soube deixar sua “marca” gravada nessa que aqui escreve. Assim, seguindo os seus passos e ensinamentos, me preparei somente para doutrinar. Mal sabia eu que aprenderia muito mais com um filho do que no banco de uma faculdade qualquer. E começo dizendo que, já de início, durante a gravidez, aprendi a valorizar ainda mais a mãe que eu tinha; e para falar a verdade: a minha gestação foi planejada muito mais para dar a alegria de um neto a ela do que pela minha própria vontade, embora eu quisesse muito passar por esta experiência. Contudo, quando a minha filha nasceu compreendi que a maternidade sem amor é um ato puramente mecânico, ou seja, para ser uma verdadeira mãe não é preciso necessariamente parir um filho, precisa sim, eclodir a capacidade de amar, e a finalidade deste sentimento, suponho, é fazer girar a roda da vida em todo o universo, mantendo-o em equilíbrio. 
     Assim ao fazer uma analogia com um lindo jardim podemos dizer, então, que em toda beleza que permeia a natureza materna humana, as mães são as jardineiras e os filhos representam as flores que, em certas ocasiões ferem com os seus espinhos, por serem diferentes entre si  requerem um cuidado adequado nesse território pluralista, mas como todas precisam do calor e de regas frequentes, o amor e a intuição entram como vetores essenciais ao fortalecimento do desenvolvimento individual de cada um deles. No entanto, toda jardineira deve planejar e fazer a manutenção adequada para que o solo seja fecundo e bem cuidado, evitando assim a proliferação de ervas daninhas que afetam a qualidade do que fora plantado. A partir daí percebemos que nem tudo são flores. O trabalho é árduo e contínuo, sem a certeza de um retorno colorido e harmonioso. Porém a maioria das jardineiras segue sua missão com resignação, na esperança de ter contribuído eficazmente para o desenvolvimento da sua prole.
      E assim, sucessivamente, dia após dia, nas alegrias e decepções proporcionadas pela maternidade aprendemos mais do que propriamente ensinamos. Com isso entendi que uma mãe nunca deve trilhar um único caminho, porque retroceder às vezes se faz necessário, por isso é salutar que ela tenha fôlego para percorrer novas trilhas, caso contrário poderá pisotear os próprios passos e incorrer nos mesmos erros.  Porque o desejo, a posse egoísta, o apego vão deformando paulatinamente a personalidade dos filhos, deixando suas marcas, traumas e psicoses, que normalmente serão carregados por uma vida inteira. E como bem disse o escritor e professor brasileiro Henrique Maximiano Coelho Neto “É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais.”
     Entretanto é necessário compreender que uma mãe não é uma mulher à prova de deslizes, e reconhecer o quanto somos vulneráveis pode ser muito mais útil na criação de um filho do que ficar esmurrando faca temendo que ele perceba essa suscetibilidade. Por isso, ao longo do tempo, fui tateando a procura de um interruptor a fim de encontrar a luz que me permitisse enxergar além do olhar materno, pois sempre acreditei que mais do que criar um filho, nós mães temos o compromisso e a obrigação de deixar para o mundo um ser humano evoluído espiritual e intelectualmente. Alguém capaz de discernir entre o certo e o errado. Acredito que essa seja nossa missão e responsabilidade, desde a gestação, quando precisamos escolher até mesmo o que vamos consumir à mesa, para que esta semente se desenvolva de forma saudável.
  Em suma, não basta dar a um filho somente um amor incondicional, é necessário oferecer a ele uma educação alicerçada nos valores primordiais como: respeito pelo próximo, honestidade, humildade, generosidade, dignidade... Atributos esses intrínsecos à essência humana que garantem que uma pessoa seja respeitada, amada e admirada, uma condição crucial para que seja um ser humano feliz, já que esse é o desejo de toda mãe: a felicidade do seu filho. Assim deixo aqui o meu agradecimento especial a minha mãe, que creio estar num lugar cheio de luz. E aproveito para deixar um FELIZ DIA DAS MÃES  para todas as MÃES que não medem esforços diários para deixar ao mundo um ser humano melhor.