segunda-feira, 21 de março de 2011

Oh, Lua!



Q
ue marravilha! Exclamaria o chef de cozinha francês, Claude Troisgros, ao olhar a lua cheia, nesta noite de sábado, 19 de março. Segundo os especialistas, este lindo satélite natural da Terra, estava, nesta data, 35% mais brilhante e 18% maior, fato que só ocorre uma vez a cada 18 anos.
Ela estava mesmo “cheia” ao mostrar-se tão bela e radiante. Confesso que cheguei a me emocionar, pois ela parecia saber, ao ser contemplada, de sua capacidade de seduzir. Afinal, quem consegue ficar indiferente a sua majestade, que há milênios reina magnífica sobre a noite, exercendo, sobre nós, pobres mortais, esse misto de fascinação e mistério.
Então, me lembrei da primeira vez em que o homem colocou seus pés por lá. Na época, 1969, não tínhamos televisão em casa. Eu, pouco menor que hoje, no alto dos meus cinco anos, (só não comecem a calcular a minha idade), estava sentada à escada da cozinha, quando uma amiga da minha mãe apareceu, para nos contar a novidade. Lembro-me, como se fosse hoje, do ceticismo da minha mãe, ao afirmar que aquilo era mesmo uma grande bobagem. Então, sentada à porta, passei a olhar fixamente para cima, arregalando meus olhos, de modo a tentar enxergar os tais “homenzinhos” caminhando sobre a lua. Em meu delírio infantil fiquei a pensar, por muito tempo, no tamanho da escada que eles tiveram que construir para conseguir alcançar tal proeza. E, embora minha querida mãe fosse categórica ao afirmar que tudo aquilo não passava de uma grande mentira - igual brincadeira do 1º de abril -, fiquei dias (noites) a fio, tentando ver qualquer coisa que vencesse o ceticismo dela. Como eu só conseguia enxergar um vulto, que me fazia lembrar da Nossa Senhora, com seu filho no colo, passei a pensar que os tais “astronautas” tinham chegado mesmo era no céu, e a lua deveria ser a porta de entrada. Então, talvez, fosse verdade a história de São Jorge, com dragão e tudo... Mas, para o meu desencanto nem nisso a minha cética mãe acreditava. Não me dei por vencida, e assim que adquirimos nossa primeira televisão fiquei a esperar pela notícia de que os homens que voltaram da lua tinham consigo trazer de lá, um filhote de dragão, ainda que eu não soubesse bem como deveria ser aparência do bichano, mas para a minha total decepção nada disso foi noticiado. Ainda assim, o universo conspirava a meu favor, ou a lua, vai saber.
Já na 5ª série, do ensino fundamental, a diretora da minha escola organizou uma excursão ao planetário, fiquei estupefata, era a chance que eu teria de provar para a minha mãe que ela estava errada. E, enquanto o ônibus rodava, eu ficava a imaginar uma maneira de provar o quanto ela estava equivocada... Bem... Não que o passeio não tenha sido válido, mas de longe, não era, e não era mesmo, o que eu tinha imaginado. Eu, que vivia no mundo da lua, esperava algo mais que pedaços de rochas... E, o pior, eu não tinha como levar nada daquilo para mostrar a ela.
O tempo passou, e, recentemente, uma teoria surgiu, céticos, munidos de argumentos, afirmaram que a ida à lua não passara de uma farsa, então, para o meu alívio, a minha mãe não estava sozinha... Eu, com isso, aprendi que quando a minha mãe diz que pau é pedra, nem adianta discutir, pois é tempo perdido.
O fato é que a lua tem mesmo esse poder sobre as pessoas, de provocar fascínio e controvérsias. Vista por alguns como uma entidade mágica, com poderes sobrenaturais e por outros, simplesmente, como um satélite natural que orbita em volta da Terra, o caso é que não se consegue ficar alheio aos seus encantos e mistérios. Que o digam os apaixonados e até mesmo o temível Lobisomem (Uhhhhhhh), que eu nem preciso dizer que a minha mãe também não acredita existir.  Oh! Triste sina a minha, ser a única lunática da família...

Texto: Rosaide Gomes / RPMT 7287
* Ao copiarem este texto não retirem o crédito, por favor.











Um comentário:

  1. E eu também sou bem lunática! Quando mostrei aquela Lua linda, hipnotizadora, pra meu marido, estávamos indo de carro na Rua Siqueira Campos, em direção à BR 116. E parecia um daqueles balões de marketing.
    Agora eu sei o que nos espera.
    Depois da Grande Lua...

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