sábado, 16 de junho de 2012

Felicidade e simplicidade


B
aseado nos fundamentos da minha própria observação cotidiana, este texto reflete o modo como o homem conduz sua vida rumo à felicidade. No cenário moderno é onde se confirmam dificuldades e a fragmentação do relacionamento do homem contemporâneo com a natureza. O conceito de felicidade é singular e até mesmo questionável, quando nesse último caso o ser humano tem a falsa ideia de que coisas e pessoas são fundamentais para alcançar essa condição tão particular. Embora a maioria dos seres humanos anseie por sucesso, bem estar financeiro, vida social e vida amorosa bem resolvida, a verdade é que nem a junção de tudo isso garante a propagada plenitude espiritual. Na linda melodia “Tocando em frente” cantada por Almir Sater, há uma frase que sintetiza bem essa questão quando diz que “Cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz...” Pegando carona nessa premissa se pode afirmar que muitas vezes boicotamos nossa própria felicidade, quando deixamos de seguir nossa intuição por medo ou porque preferimos índices baixos de satisfação pessoal do que lidar com um grau mais elevado de contentamento... Provavelmente isso acontece com aqueles que já se acostumaram com a vida medíocre que costumam levar. O desafio provoca medo e assim o sujeito se acomoda, já que existe uma corrente que propaga que a infelicidade é condição fundamental à entrada no paraíso celestial. Assim as raízes do conformismo ganham forças no subconsciente. Simples assim? Talvez. Na verdade o ser humano no seu âmago possui condições básicas que o levaria facilmente ao apogeu.  Mas como é da sua própria natureza, ele sempre quer mais, por isso raramente reconhece os sinais de felicidade quando à sua frente. Uma letra de música, considerada brega pela maioria dos pseudo-intelectuais, dizia que a “Felicidade não existe o que existe na vida são momentos felizes...” Creio que essa teoria é válida para uns, porém para outros há a certeza de que a procura pelo eterno regozijo com a vida não passa de utopia.

     No entanto, nesta semana fui surpreendida pelo encontro inesperado com um “velho” amigo, coisas da vida ou do destino como queiram alguns. Ele está fora das redes sociais, ou seja, não pertence ao mundo virtual. Comprou uma pequena propriedade no interior, e lá fez seu refúgio. Jornalista inteligente, bem articulado, usa a internet somente para realizar pesquisas  - só para isso e nada mais. Segundo ele, nunca esteve tão feliz, entre cães, gatos, cavalos, galinhas, codornas, ovelhas... Detalhe: é vegetariano. Convive com os animais por amor. Cansado da vida urbana equipou um sítio num condomínio fechado. Está feliz! 
Coincidentemente há poucos dias, em entrevista, ouvi mais duas pessoas afirmarem o mesmo: são imensamente felizes, e que não trocariam o lugar e a maneira de viver por qualquer outro lugar ou estilo, no planeta. A primeira delas, uma adolescente que mora numa palafita, na zona alagada da Amazônia. Ela afirmou que se considera uma pessoa privilegiada, ao enaltecer a exuberante riqueza da região onde mora, o que lhe proporciona contato diário com os botos “rosas” do lugar. A segunda pessoa, um biólogo aposentado que passa o dia inteiro dentro de uma extensa área de mata atlântica, catalogando as espécies que vivem naquele ecossistema, afirmou que não trocaria sua humilde cabana (que não era tão humilde assim) pela mais linda mansão. Ele também classificou a própria existência como sendo abençoada. O caro leitor já conseguiu identificar o que têm essas pessoas, tão diferentes entre si, em comum? Pois bem, esses “felizardos” estão inseridos na natureza. Isto é, o contato com a natureza é, sim, ponto essencial para quem busca a paz e o equilíbrio interior.  A fuzarca das grandes cidades: trânsito, insegurança pública, correria... Tudo isso acaba provocando uma desordem interna, levando à ansiedade, à depressão e à constante insatisfação pessoal. E com isso o conceito que permanece é de que está faltando sempre alguma coisa. Diante dessa ideia equivocada corre-se atrás de futilidades com a certeza de que estas suprirão as lacunas existenciais.
    Diante desses argumentos, então, se pode afirmar que o homem, embora tenha conquistado aparatos tecnológicos de grande relevância e lutado pelas comodidades da vida moderna, não garantiu com eles a sensação de bem estar pessoal, porque está faltando o bem estar ambiental. Respirar ar puro, conviver com os animais, pertencer a um mundo mais simples, sem abrir mão do conforto básico, além de estar mais próximo à natureza pode levar a uma significativa qualidade de vida e a uma satisfação pessoal efetiva, quiçá a verdadeira felicidade.  Na verdade quando conseguirmos levar o mesmo nível de “facilidades” ao campo, sem provocarmos alterações ao meio ambiente, talvez o homem não queira mais sair do seu regalo. Certa vez Mahatma Gandhi disse que Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho”.




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