quinta-feira, 28 de junho de 2012

Bullying é quebra de berço



O
 assunto não é novidade, mas ainda provoca inquietação e mal estar àqueles que de certa forma sofrem ou já padeceram com o assédio moral. Devido ao rebuliço que costuma acarretar à vida das pessoas, já que muitas permanecem estigmatizadas para sempre. Entretanto, é comum o fenômeno ser tratado na maioria das vezes pelos pais e educadores como uma brincadeira inofensiva. Contudo, dados apontam que, muito mais do que possa parecer, o bullying causa uma desordem social, quando desestabiliza o meio, seja ele na escola, no trabalho e até mesmo dentro de casa.  
    No entanto, recentemente li um artigo onde essa questão fora abordada de forma complacente, cuja intenção do autor era o de desmerecer todo o trabalho de conscientização realizado por muitos profissionais sérios e competentes em torno do polêmico tema. O paradoxo estava justamente no fato de o “articulista”  autointitular-se um “aplicador de trotes”, mesmo que o reverso da medalha tenha sido recíproco. Mas assim são os idiotas: amam participar das suas próprias tolices. Quando que humilhar e ferir alguém pode ser normal? Só mesmo um palerma pode considerar o bullying como sendo um processo natural que todo ser humano deve passar, para assim crescer psicologicamente. Será que esse sujeito ia gostar de ver seus filhos sofrendo vexames em público? Aí está o problema: o grau de ignorância dos pais que não sabem educar com responsabilidade. Além do mais, muitos não conseguem nem ao menos servir de exemplo à sua prole. E assim cria-se um círculo vicioso. E quem leva a pior são os filhos daqueles que receberam adequada educação.
  Com frequência pesquisadores divulgam suas conclusões sobre determinado perfil daqueles que praticam o bullying ou mesmo daqueles que sofrem tais provocações. Diante disso, debruço-me de forma livre e descomprometida, fazendo uma interpretação aberta desses estudos para dizer que os motivos podem ser os mais variados: conquista de status social; elevado nível de agressividade; incapacidade de se colocar no lugar do outro; preconceito social e discriminação... Tudo isso junto, talvez... Contudo, todas essas atitudes tem um “quê” de maldade e falta de compaixão, quiçá um sadismo velado, coisas que denomino como quebra de “berço”. Isto é, se o sujeito não tem uma base familiar amparada na justiça e no amor ao próximo, como poderá entender que a prática do bullying é repulsiva e pode destruir a autoestima do outro?
     Assim sendo, ao ler um artigo tão imbecil, totalmente sem propósito, tive a certeza de que este fenômeno está longe de ter uma solução. E, enquanto isso, muitos ainda sofrerão nas mãos daqueles que se regozijam com o sofrimento alheio. Comportamento típico de certos humanos.
EFEITO BOOMERANG -  VAI E VOLTA. Por considerar relevante à defesa do tema, vou aqui contar uma história que ocorreu há alguns anos, numa grande empresa na qual trabalhei, quando a atitude inconsequente de um jovem, até então considerado promissor, por sua chefia, o colocou na condição de algoz e de desempregado, quando por insensatez resolveu alterar e reprogramar a máquina na qual seu colega trabalhava. Sem saber que a máquina estava ligada o pobre homem colocou a mão entre os cilindros, e dessa maneira teve a mão decepada. Interrogado pelo RH da empresa, o funcionário, responsável pelo trágico trote, confessou, ainda surpreso, que havia calculado mal a “brincadeira” - o tempo de funcionamento da dita máquina -, já que não tinha sido a primeira vez que fizera tal molecagem com o colega de trabalho.  Moral da história... Não há moral!  
        Portanto, é bom lembrar que atualmente as empresas estão cada vez mais atentas a esse tipo de comportamento, ou seja, em seus quadros de empregados, o caráter está cada vez mais sendo observado, e quem não se enquadra é colocado no olho da rua. Justiça seja feita: há pouco tempo, uma amiga, uma mulher bonita, - no amplo sentido da palavra - foi designada a contratar uma profissional para atuar na área de projetos. Mas como o mundo costuma dar voltas, e tudo o que vai volta, ela de repente se viu diante daquela que infernizara sua adolescência, colocando-lhe apelidos infames: magrela, pau de virar tripa, branca azeda... É óbvio que a surpresa foi recíproca. Ainda que minha amiga não seja vingativa, não optou por alguém cujo caráter ela bem conhecera, no passado.   
Embora esse problema, nos últimos anos, venha ganhando espaço junto à mídia, muito mais por questões sociais, suscitadas por algumas celebridades que a partir de lembranças tristes do tempo de infância e adolescência, e da indignação pela percepção do descaso por parte dos responsáveis que nada fizeram para combater tais abusos, o bullying, por sua característica nefasta, deve ser combatido por todos os setores da sociedade. “Na escola me chamavam de Bocão Royal e de magrela sem graça”, contou recentemente em entrevista, Alline Morais, atriz brasileira. Até mesmo alguém totalmente dentro dos padrões convencionais de comportamento e beleza está sujeito a sofrer na mão dos “invejosos”, esse parece ter sido o caso da duquesa de Gales, mulher do príncipe William, Kate Middleton.
     Em suma, a extensa lista daqueles que sofreram humilhações evidencia que o propósito dos agressores é sempre o mesmo: provocar no outro o rebaixamento da autoestima e a humilhação pública. Contudo, um retrocesso nesse quadro gradativo de submissões a que são expostos certos indivíduos, considerados diferentes dos demais, tanto no ambiente escolar quanto no corporativo pode contribuir para um avanço significativo na qualidade de vida de todas as pessoas, e assim diminuir esse histórico de violência em que vive nossa “implicante”  sociedade. 

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