sábado, 7 de julho de 2012

A magia que veio da fumaça

A
Cleópatra: ela sabia como seduzir
 história evidencia que a arte da perfumaria começou logo que o homem primitivo jogou ao fogo ervas aromáticas. Assim nasceu o perfume, cuja expressão deriva do latim “per fumum” ou “pro fumum”, que significa através da fumaça.  Desde então o homem, por vaidade e/ou superstição, fez uso dessa fragrância nos mais variados segmentos de sua história, seja na vida ou na morte. Já na tumba egípcia de Tutankhamon, arqueólogos descobriram resíduos de unguentos perfumados, usados há mais de três mil anos. Conta a lenda, ainda, que a rainha do Egito, Cleópatra, fervorosa usuária de perfume - cuja base era de óleos extraídos de flores -, teria se utilizado desse artifício para seduzir Marco Antônio e Júlio César. A verdade é que o olfato, esse importante sentido, tem o poder de nos transportar para um mundo de emoções associadas a memórias dos aromas. A antropologia diz que antigamente os odores eram percebidos e valorizados de maneira bem diferente do que atualmente, sendo que algumas escolas antigas de Arte estimulavam seus aprendizes a distinguir as doenças físicas das psicológicas, tão somente pelo odor que a pessoa exalava. Com o perdão do trocadilho, talvez venha daí a raiz da expressão “Não fede nem cheira”. Entretanto, nem tudo são flores na história do perfume, que já foi o grande responsável pela morte de milhares de animais, entre eles os veados almiscareiros, cujo número de mortes chegou a 50 mil, somente no ano de 1900, quando cerca de 1.400 kg do óleo foram coletados. Talvez dentro desse contexto de perversão e loucura para extrair o suprassumo do bálsamo o genial Patrick Süskind, escritor e jornalista alemão, tenha se inspirado para escrever o romance O Perfume - A História de um Assassino, que acabou ganhando, em 2006, as telas do cinema. 
       Entretanto, apesar dos apelos afrodisíacos que a maioria das fragrâncias traz em sua composição, há quem não se deixe “contagiar” pelo seu poder olfativo, preferindo assim o odor natural, o que, em tempos remotos, pôde ser comprovado através da famosa carta de Napoleão Bonaparte à sua amada Josefina, dois meses antes de retornar: “Pare de tomar banho! Estou voltando”. O que indica que ele gostava mesmo era de um mau cheiro. Inhaca! Há gosto pra tudo! Porém, bem mais limpinho parecia ser o profeta Maomé que teria dito: “Três coisas são importantes para mim na Terra: mulheres, perfumes e orações”. Já em outra ocasião teria declarado: “O perfume é o alimento que nutre meus pensamentos”.
       Mas o que revelar da personalidade de uma pessoa, somente pelo perfume que está usando, isso seria possível? Não creio que haja uma resposta definitiva para essa pergunta, porém acredito que a total falta de gosto pelos perfumes revele enfim algum traço típico no indivíduo. Embora seja fácil sabermos a classe social a que pertence uma pessoa “bem perfumada”, já que alguns perfumes atingem valores exorbitantes. De uma forma particular gosto de comparar as fragrâncias às músicas, onde as “notas” se mesclam, e através da percepção singular de cada ser em si é possível conhecer um pouco mais da sua essência, sem preconceito. A individualidade das fragrâncias tem a capacidade de nos remeter, assim como uma música, a lugares e momentos que marcaram nossas vidas, por trazer à memória essas ocasiões especiais e únicas.
Clive Christian’s Imperial Majesty
 R$365.500,00
      Assim leves ou encorpados, florais ou amadeirados, aldeídos ou sintéticos... os perfumes devem ser usados, segundo recomendação de quem entende do assunto, nos lugares onde existe maior circulação sanguínea e mais calor: atrás dos joelhos; entre o braço e antebraço; atrás das orelhas e no pescoço. No entanto, torna-se imperativo lembrar que mesmo que o seu perfume seja “top de linha” o menos é mais, assim evite os excessos, principalmente se for permanecer por muito tempo em lugares fechados, para evitar comentários desagradáveis. Marque sua presença sensitiva de forma sutil e harmoniosa. Assim jamais será esquecida. Agora torna-se fundamental a escolha de um bom perfume. Contudo, não adianta se guarnecer de perfumes caros quando a alma e o caráter estiverem bolorentos, pois, segundo alguns especialistas, as fragrâncias exalam um pouco da essência natural daqueles que fazem uso delas. Lembre-se ainda que sem banho d'água não há perfume que dê jeito, o "tiro" nesse caso pode sair pela culatra, e aí não tem fragrância que resolva.

      E como diria a cantora brasileira Elba Ramalho: Um banho de cheiro pra vocês que por aqui passaram...
      
  

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