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sse texto tem um camuflado pretexto de driblar o meu desejo incontido de comer chocolate... pavê, sorvete, pudim, amendoim, castanhas, avelãs, tortas, pizza, costela assada, pães e “nadica de nada” de salada verde, vermelha, amarela, roxa... Ai de mim! Na realidade a intenção, enquanto aqui escrevo, é enganar essa ansiedade que tem nome e sobrenome: Tensão Pré-Menstrual (TPM). É essa dissimulada que ao se aproximar, todo mês, lentamente, vai trazendo consigo uma fome ridícula e um aglomerado de problemas, ou melhor, faz com que eles se acentuem numa proporção absurda: é a mente conspirando contra o corpo. Então, como fazer uma análise imparcial da TPM, quando me sinto tão atingida por esta que potencializa minhas “neuroses”? Assim acontece quando me deparo com roupas sujas, ainda que estejam colocadas devidamente dentro do cesto; com o vizinho “sem noção” e seus cachorros – tão mal educados, quando soltos, quanto o próprio dono; com um pretenso “cliente” solicitando, pela enésima vez, um orçamento para o mesmo projeto de revista, que eu já sei que ele não vai fazer, novamente; são as contas do mês acumulando... blá, blá, blá... Socorro! Mas é como eu sempre digo, “nada é tão ruim que não possa piorar”. Então imagine a TPM coincidindo com a transição da fase lunar para a lua cheia. É a “loba” uivando! Sai de baixo! Não tem para nenhum lobisomem. A louca está solta! Calma! Muita calma nessa hora. O importante é respirar fundo e pedir “Que a minha loucura seja perdoada, porque metade de mim é amor, e a outra metade... também”, frase do poema Metade do músico Oswaldo Montenegro, cuja linda mensagem evidencia que nem todo homem é insensível. Será?

Procure o equilíbrio - Assim sendo, podemos constatar que diante desse quadro caótico que acomete a maioria das mulheres, talvez esse fosse o motivo principal pelo q
ual os povos antigos consideravam sagrado o período pré-menstrual. O momento era de total recolhimento e meditação, quando a mulher na plenitude de sua feminilidade estava elevada ao máximo, magicamente poderosa e plenamente integrada à natureza e ao ciclo lunar. Também, nesse período, elas eram liberadas das tarefas cotidianas e passavam "esses dias" repousando, sintonizando-se com as mudanças ocorridas e com as sensações que vinham à tona, liberando-se das energias antigas que seu corpo havia carregado, e, assim, se preparavam para a uma nova conexão com a fertilidade da Mãe Terra, da qual seriam portadoras no próximo mês. Ah, como eu queria muito tudo isso! Desse modo, sou obrigada a concordar, em número, gênero e grau com esses povos sensíveis e inteligentes, do passado, muito mais do que aqueles que, hoje, se consideram pretensamente contemporâneos.
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Ah, um só não faz mal! |
A verdade é que estes dias “sangrentos” estão cada vez mais desequilibrados para as mulheres que precisam lidar com as exigências de uma vida “moderna” e atribulada, sem que com isso tenham um momento necessário de recolhimento e interiorização, que o período requer, por isso elas acabam sofrendo tantos sintomas desagradáveis: cólicas, dores de cabeça, tonturas, náuseas... O pior de tudo é que, geralmente, essa desordem peculiar também termina por afetar toda a estrutura familiar.
Portanto, é provável que seja esse desajuste, provocado pelo choque entre o superficial e o espiritual, que elevou a mulher à condição de TPM, contrariando o que diz a tradição dos índios Cherokees, “o momento da menstruação é um tempo de Luz”. Entretanto, nós, mulheres, esquecemos que somos iluminadas pela Mãe Natureza, por isso é relevante que façamos com que a TPM seja um Tempo Para Meditação.
Assim sendo finalizo esse tema avisando que aquela vontade explícita de comer chocolate... foi substituída, enquanto eu redigia esse texto, por uma enorme caneca de chá verde, uma maçã, duas ameixas e... por um bombom. Afinal de contas, não se pode menosprezar uma TPM de respeito. E lembre-se que "A loucura é vizinha da mais cruel sensatez. Engulo a loucura porque ela me alucina calmamente." Clarice Lispector
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