domingo, 13 de novembro de 2011

TPM loucura anunciada


E
sse texto tem um camuflado pretexto de driblar o meu desejo incontido de comer chocolate... pavê, sorvete, pudim, amendoim, castanhas, avelãs, tortas, pizza, costela assada, pães e “nadica de nada” de salada verde, vermelha, amarela, roxa... Ai de mim! Na realidade a intenção, enquanto aqui escrevo, é enganar essa ansiedade que tem nome e sobrenome: Tensão P-Menstrual (TPM). É essa dissimulada que ao se aproximar, todo mês, lentamente, vai trazendo consigo uma fome ridícula e um aglomerado de problemas, ou melhor, faz com que eles se acentuem numa proporção absurda: é a mente conspirando contra o corpo. Então, como fazer uma análise imparcial da TPM, quando me sinto tão atingida por esta que potencializa minhas “neuroses”? Assim acontece quando me deparo com roupas sujas, ainda que estejam colocadas devidamente dentro do cesto; com o vizinho “sem noção” e seus cachorros – tão mal educados, quando soltos, quanto o próprio dono; com um pretenso “cliente” solicitando, pela enésima vez, um orçamento para o mesmo projeto de revista, que eu já sei que ele não vai fazer, novamente; são as contas do mês acumulando... blá, blá, blá... Socorro! Mas é como eu sempre digo, “nada é tão ruim que não possa piorar”. Então imagine a TPM coincidindo com a transição da fase lunar para a lua cheia. É a “loba” uivando! Sai de baixo! Não tem para nenhum lobisomem. A louca está solta! Calma! Muita calma nessa hora. O importante é respirar fundo e pedir Que a minha loucura seja perdoada, porque metade de mim é amor, e a outra metade... também”, frase do poema Metade do músico Oswaldo Montenegro, cuja linda mensagem evidencia que nem todo homem é insensível. Será?
Hormônios à parte, várias outras situações fazem com que as mulheres fiquem ainda mais "doidonas", nesse período. Todavia, não se pode esquecer de que há um lado cômico embutido na fase da mulher com TPM. Sim, porque inserida, disfarçadamente, nesse contexto dramático, está a comédia, cuja magnífica interpretação teatral confere à mulher o exímio talento de conseguir, ao mesmo tempo, desempenhar o papel de vítima e de algoz. É o máximo! Diga-se de passagem, isso exige muita competência feminina. Então, diante dessa confusão que é a vida daquelas que sofrem de TPM, aqui vão alguns conselhos àquelas que estiverem passando por essa Total Paranóia Mental, não coma por impulso, a culpa vem depois; não abra e-mails suspeitos – correntes e/ou propagandas - isso vai deixá-la ainda mais tensa e irada; não assista a filmes românticos, pois o mar de lágrimas que se seguirá, será patético e tende a durar dias; evite aqueles encontros indesejáveis e conversas desagradáveis com pessoas chatas, parentes inconvenientes, vizinhos bisbilhoteiros, colegas invejosos, e, principalmente, com aquele seu ex... namorado, marido, ficante, amante... que você deixou de esbofetear - pelas mentiras e traições (dele) -, por pura elegância e amor próprio, mas que agora com o advento da TPM - como a amabilidade e orgulho não fazem o menor sentido mesmo -, você não pretende desperdiçar a chance, já que teve a oportunidade de encontrá-lo por acaso... No entanto, cuidado antes de tomar uma atitude impensada! Lembre-se que o arrependimento e a razão costumam vir logo após o término da menstruação.
Procure o equilíbrio -  Assim sendo, podemos constatar que diante desse quadro caótico que acomete a maioria das mulheres, talvez esse fosse o motivo principal pelo q
Ah, um só não faz mal!
ual os povos antigos consideravam sagrado o período pré-menstrual. O momento era de total recolhimento e meditação, quando a mulher na plenitude de sua feminilidade estava elevada ao máximo, magicamente poderosa e plenamente integrada à natureza e ao ciclo lunar. Também, nesse período, elas eram liberadas das tarefas cotidianas e passavam "esses dias" repousando, sintonizando-se com as mudanças ocorridas e com as sensações que vinham à tona, liberando-se das energias antigas que seu corpo havia carregado, e, assim, se preparavam para a uma nova conexão com a fertilidade da Mãe Terra, da qual seriam portadoras no próximo mês. Ah, como eu queria muito tudo isso! Desse modo, sou obrigada a concordar, em número, gênero e grau com esses povos sensíveis e inteligentes, do passado, muito mais do que aqueles que, hoje, se consideram pretensamente contemporâneos.
A verdade é que estes dias “sangrentos” estão cada vez mais desequilibrados para as mulheres que precisam lidar com as exigências de uma vida “moderna” e atribulada, sem que com isso tenham um momento necessário de recolhimento e interiorização, que o período requer, por isso elas acabam sofrendo tantos sintomas desagradáveis: cólicas, dores de cabeça, tonturas, náuseas... O pior de tudo é que, geralmente, essa desordem  peculiar também termina por afetar toda a estrutura familiar.
Portanto, é provável que seja esse desajuste, provocado pelo choque entre o superficial e o espiritual, que elevou a mulher à condição de TPM, contrariando o que diz a tradição dos índios Cherokees, o momento da menstruação é um tempo de Luz. Entretanto, nós, mulheres, esquecemos que somos iluminadas pela Mãe Natureza, por isso é relevante que façamos com que a TPM seja um Tempo Para Meditação.
 Assim sendo finalizo esse tema avisando que aquela vontade explícita de comer chocolate... foi substituída, enquanto eu redigia esse texto, por uma enorme caneca de chá verde, uma maçã, duas ameixas e... por um bombom. Afinal de contas, não se pode menosprezar uma TPM de respeito.  E lembre-se que "A loucura é vizinha da mais cruel sensatez. Engulo a loucura porque ela me alucina calmamente." Clarice Lispector



Nenhum comentário:

Postar um comentário