domingo, 10 de julho de 2011

Ainda... Tem rede no mar

É
Sorriso de menino 
 com indignação, tristeza e pesar que escrevo esse texto, não somente por que Thiago Rufatto, 18 anos, elevou, no dia 1º de novembro, para 49 o número de surfistas mortos por redes de pesca no RS, mas também pelo fato de o jovem alegre, comunicativo e carismático ter deixado uma tertúlia de amigos. Tenho me colocado no lugar das mães desses surfistas mortos por redes de pesca, no RS, o que para mim caracteriza-se como crime -, e imagino, como mãe, a dor e o sofrimento delas... Arrepio-me só de pensar que poderia ser um filho meu. Como não é, talvez muita gente não entenda o motivo da minha mobilização em torno desse assunto, já que eu pouco sabia sobre esse esporte: o surfe, até poucos dias atrás, mas, depois de conhecer esse jovem, através dos relatos da minha filha, que era sua amiga, e perceber o quanto ele era querido por todos que o rodeavam, fui tocada pelo seu sorriso encantador e o seu jeito de menino, evidenciado nas fotos, que seus amigos colocaram na internet, no seguinte endereço:

Fiquei comovida e, ao mesmo tempo, revoltada, ainda mais ao ver a dor que a sua falta está causando àquela a quem eu tanto amo. Por isso mesmo, comecei a pesquisar sobre o assunto: “redes de pesca e surfistas”. E, acreditem, é impressionante a falta de responsabilidade “social” e o descaso das autoridades públicas em tratar desse tema. E, também, foi através dessa busca por informações que percebi que muitas pessoas, nas entrelinhas, ou em conversas “veladas”, consideram o fato “isolado” e lamentável, porém aceitável, já que atribuem a culpa aos jovens, a quem consideram ser “filhinhos de papai”, desocupados, play boys, quando não atribuem a eles coisas piores. Meu Deus! Até quando vamos ficar indiferentes a isso? Um jovem que tinha um futuro promissor pela frente, era estudante do 3º semestre de administração de empresas, da PUC de Porto Alegre. Sua família e os seus amigos o amavam. Ele, no auge dos seus 18 anos, gostava de festas, viagens, futebol – era torcedor do Sport Club Internacional de Porto Alegre - de estar com os amigos, e tudo mais que um jovem saudável, da sua idade, gosta de fazer, inclusive surfar. Façamos, então, uma analogia: o surfista não seria também um pescador, só que de ondas? Há coisa mais ecológica que isso? Não mata, não depreda, não causa nenhum impacto ambiental... Então eu pergunto: Que mal há nisso? Por acaso é delinquente quem entra no mar para pegar onda, cuja prática é considerada esportiva? Esporte não é sinônimo de saúde? O que há de arte neste tipo de pesca, onde redes fabricadas com fios de nylon, entrelaçadas em forma de retângulos, que colocadas à linha da costa, têm como objetivo encurralar os cardumes de peixes, até capturá-los sem critério algum de seleção? Dessa forma os praticantes de esportes náuticos, os surfistas, especialmente, quando à deriva no mar, por não avistarem os materiais de pesca, no oceano, enrolam-se nas redes e se afogam.

A falta de legislação federal incidente sobre o tema tem sido o grande problema, além da falta de sinalização. A orla marítima é de competência da União, cabendo a ela o ordenamento, gestão e fiscalização da orla e terrenos acrescidos. Mas, não por isso, os municípios não possam fazer a sua parte, colocando placas de sinalização e exercendo seu poder de fiscalização, para que assim, tanto turistas quanto surfistas, tenham direitos sobre a praia tanto quanto os pescadores. Ou será que a prática do surfe deve ser proibida no RS, como sugeriram alguns que já se esqueceram que os surfistas chegam como turistas ou com eles, e também contribuem para a geração de renda no litoral, pois acabam por consumir os produtos comercializados naquela localidade. A sociedade espera por uma satisfação, assim como os pais e os amigos do jovem surfista morto.

Meu carinho e respeito a todas as mães que perderam seus filhos nas redes de pescas, colocadas de forma criminosa no litoral gaúcho, especialmente a dona Neuza Rufatto, a quem eu, particularmente, tenho uma imensa admiração, pela sua demonstração de coragem e perseverança.
  • Com o objetivo de buscar melhoras e soluções definitivas para esses problemas e evitar que mais famílias sofram a dor das perdas foi fundado, em dezembro do ano passado, o Instituto Thiago Rufatto - Ong maRSeguro
Para maiores informações, por favor, acesse: 
http://ong-marseguro.blogspot.com/

Um comentário:

  1. Olá Rosaide.
    Muito Obrigado por divulgar o trabalho da ONG e falar dessa causa que é muito importante, não somente pra nós surfistas mas também para as pessoas que nos rodeiam. Atualmente administro blog da ONG e também o blog UPONBOARD o qual você divulgou o link da homenagem. Muito Obrigado pelo apoio. Continuaremos brigando por uma mar seguro.

    Abraço,
    Tiago Cardoso

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