
Por experiência própria
no assunto esse deveria ser o tema mais fácil de abordar, mas ao contrário do
que possa parecer é muito difícil descrever a peculiar sensação de como ser
mãe. Um dos aspectos mais sagrados da natureza, se assim posso dizer, sempre
foi a capacidade de gerar filhos, em especial na condição humana. Sempre
acreditei que para alcançar êxito nessa função bastaria passar adiante o que
havia aprendido com a minha mãe, uma grande amiga e parceira em todos os
momentos da minha vida. Uma mulher à frente do seu tempo, que com muita
sapiência soube deixar sua “marca” gravada nessa que aqui escreve. Assim,
seguindo os seus passos e ensinamentos, me preparei somente para doutrinar. Mal
sabia eu que aprenderia muito mais com um filho do que no banco de uma
faculdade qualquer. E começo dizendo que, já de início, durante a gravidez,
aprendi a valorizar ainda mais a mãe que eu tinha; e para falar a verdade: a
minha gestação foi planejada muito mais para dar a alegria de um neto a ela do
que pela minha própria vontade, embora eu quisesse muito passar por esta
experiência. Contudo, quando a minha filha nasceu compreendi que a maternidade
sem amor é um ato puramente mecânico, ou seja, para ser uma verdadeira mãe não é
preciso necessariamente parir um filho, precisa sim, eclodir a capacidade de
amar, e a finalidade deste sentimento, suponho, é fazer girar a roda da vida em
todo o universo, mantendo-o em equilíbrio.
Assim ao fazer uma analogia com um lindo jardim podemos
dizer, então, que em toda beleza que permeia a natureza materna humana, as mães são as jardineiras e os filhos representam as flores que, em certas ocasiões ferem com os seus espinhos, por serem diferentes entre si requerem um
cuidado adequado nesse território pluralista, mas como todas precisam do calor e de regas frequentes, o
amor e a intuição entram como vetores essenciais ao fortalecimento do desenvolvimento
individual de cada um deles. No entanto, toda jardineira deve planejar e fazer a
manutenção adequada para que o solo seja fecundo e bem cuidado, evitando assim
a proliferação de ervas daninhas que afetam a qualidade do que fora plantado. A
partir daí percebemos que nem tudo são flores. O trabalho é árduo e contínuo,
sem a certeza de um retorno colorido e harmonioso. Porém a maioria das jardineiras segue sua missão com resignação, na esperança de ter contribuído eficazmente
para o desenvolvimento da sua prole.
E
assim, sucessivamente, dia após dia, nas alegrias e decepções proporcionadas
pela maternidade aprendemos mais do que propriamente ensinamos. Com isso
entendi que uma mãe nunca deve trilhar um único caminho, porque retroceder às
vezes se faz necessário, por isso é salutar que ela tenha fôlego para percorrer
novas trilhas, caso contrário poderá pisotear os próprios passos e incorrer nos
mesmos erros. Porque o desejo, a posse egoísta, o apego vão deformando
paulatinamente a personalidade dos filhos, deixando suas marcas, traumas e
psicoses, que normalmente serão carregados por uma vida inteira. E como bem
disse o escritor e professor brasileiro Henrique Maximiano Coelho Neto “É na educação dos filhos que se revelam as
virtudes dos pais.”
Entretanto é necessário compreender que
uma mãe não é uma mulher à prova de deslizes, e reconhecer o quanto somos
vulneráveis pode ser muito mais útil na criação de um filho do que ficar
esmurrando faca temendo que ele perceba essa suscetibilidade. Por isso, ao longo
do tempo, fui tateando a procura de um interruptor a fim de encontrar a luz que
me permitisse enxergar além do olhar materno, pois sempre acreditei que mais do
que criar um filho, nós mães temos o compromisso e a obrigação de deixar para o
mundo um ser humano evoluído espiritual e intelectualmente. Alguém capaz de
discernir entre o certo e o errado. Acredito que essa seja nossa missão e responsabilidade,
desde a gestação, quando precisamos escolher até mesmo o que vamos consumir à
mesa, para que esta semente se desenvolva de forma saudável.
Em suma, não basta dar a um filho somente um amor
incondicional, é necessário oferecer a ele uma educação alicerçada nos valores
primordiais como: respeito pelo próximo, honestidade, humildade, generosidade, dignidade...
Atributos esses intrínsecos à essência humana que garantem que uma pessoa seja
respeitada, amada e admirada, uma condição crucial para que seja um ser humano feliz,
já que esse é o desejo de toda mãe: a felicidade do seu filho. Assim deixo aqui o meu agradecimento especial a minha mãe, que creio estar num lugar cheio de luz. E aproveito para deixar um FELIZ DIA DAS MÃES para todas as MÃES que não medem esforços diários para deixar ao mundo um ser humano melhor.
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