quinta-feira, 10 de maio de 2012

A Mãe que balança o berço



     Ao longo da história da humanidade a mulher teve como marco de valor a procriação. Esse era o papel social que ela deveria desempenhar com louvor. E, ainda hoje, a sociedade joga sobre a fêmea humana toda a responsabilidade de colocar um filho no mundo, sem dar a ela o direito de “sofrer” com os seus próprios conflitos, dúvidas ou medos. Qualquer sentimento menos nobre diante de um bebê que chora sem parar ou que ela teme perder é considerado “antinatural” e ameaça um determinado ideal de maternidade. No entanto, já no final do século passado, a pressão em relação à obrigatoriedade de uma mulher ser mãe diminuiu bastante. Diante disso muitas mulheres adiaram a intenção de balançar o berço ou simplesmente descartaram completamente essa possibilidade.  Porém, para a sorte da espécie humana, a maioria, açoitada pelo desejo de ser mãe, decide atender ao chamado inexplicável da natureza, quando escuta seu relógio biológico despertar. Assim sendo, ela parte em busca dessa particular e intrínseca realização feminina. Mas o que de fato leva uma pessoa a desejar e amar alguém mais do que a sua própria vida? Que mistério esconde tamanho anseio, quando racionalmente não se sabe quem estará a caminho? Como explicar essa decisão pura e simples, quando é de conhecimento de todos que um filho não garante absolutamente nada: segurança, amor, lealdade e felicidade. Então, onde está a racionalidade nessa escolha, quando ela sabe que perderá horas de sono, após o nascimento do filho, e que ele será uma caixinha de surpresas, quiçá de decepções? Será que a resposta está nas profundezas dos genes que ditam as primárias ordens de que é preciso dar continuidade à espécie, garantindo dessa forma que o ser humano não venha a desaparecer?
     Embora eu esteja inserida nesse universo feminino que fora levado pelo desejo veemente à realização materna, o intuito aqui não é fazer marketing pessoal. Porém, justiça seja feita, ser mãe é o “cão chupando manga”, aqui a conotação adotada vem do nordeste, que dá à expressão popular a conexão de qualquer coisa superlativa à pessoa: sábia, fera, valente, determinada, intuitiva, bondosa, de múltiplos talentos e capaz de atos extraordinários... Eis o motivo da minha definição nordestina: perfeita para esse caso; nada aqui definiria melhor uma mãe. Ela que precisa ser multifacetada para dar conta dessa difícil tarefa, já que, em pleno século XXI, os filhos estão cada vez mais órfãos de pai, devido à falência generalizada das relações conjugais, e, para piorar, o mundo está cada vez mais caótico: materialista e individualista.

     Contudo, uma boa mãe faz a diferença na vida de um filho, seja ela biológica ou não. Mãe é mãe! Só ela é capaz de um amor incondicional, cuja capacidade transcende valores, definições e conceitos. Sua nobreza afaga a alma quando sua disposição é de simplesmente amar, seja na dor, na tristeza, na alegria e na decepção, sem com isso esperar nada em troca. Para o dramaturgo, escritor e poeta irlandês, Oscar Wilde“Não tem no mundo flor em terra alguma, nem no mar e em nenhuma baía pérola tal, como um bebê no regaço de sua mãe”. Ela que desde que sentiu seu filho em seu ventre pela primeira vez estabeleceu com ele, antes mesmo de dar à luz, um diálogo único, profundo, misterioso e maravilhoso.  Como, então, dar a essa mulher um dia de homenagem, quando por sua importância e dedicação merece ela ser reconhecida todos os dias do ano. Já que sempre atua como contundente protagonista de forma a relegar aos outros amores os papéis de coadjuvantes. Mãe é aquela que jamais deixa de balançar o berço da vida para que os sonhos dos seus filhos sejam acalentados pela alma de uma existência feliz. “Jamais na vida encontrareis ternura maior, mais profunda, mais desinteressada nem verdadeira que a da vossa mãe”, frase proferida pelo célebre escritor francês, Balzac.

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