quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O triângulo das "bermudas"


Q
uem espera ler aqui, nesta postagem, alguma coisa do gênero “enigmático”, pode esquecer. Neste caso específico usei o título somente como uma metáfora, já que em muitas famílias, pais, mães e filhos, formam um triângulo onde todos se comportam inadequadamente, moral e socialmente - usando a mesma roupagem, isto é, “calças curtas” -,  numa evidência clara de que o respeito e a autoridade dos pais estão sendo ignorados pelos filhos. O fato em si, mais comum do que se possa imaginar, deixa uma lacuna no ambiente familiar e os valores suprimidos, tão importantes à educação, dão espaço à inserção do rancor e das cobranças.
Filhos mal educados
 alunos indisciplinados
Originalmente a educação das crianças dáva-se da seguinte forma: o homem, autoritário, mandava na mulher e nos filhos e esses obedeciam; mais tarde o casal passou a dividir essa responsabilidade e os filhos obedeciam aos pais; o tempo foi passando e os pais passaram a empurrar esse encargo um para o outro, não demorou até que os filhos percebessem essa “desordem” entre o casal e a obediência passou a ser questionada. O resultado disso é que atualmente os pais não mandam mais nada, ao contrário, passaram eles a obedecer a seus filhos.
 Para situá-lo melhor, caro leitor, eis o motivo desse texto: nesta semana, enquanto eu aguardava num “big” estabelecimento comercial, pela troca de uma lâmpada, presenciei uma lastimável cena familiar. A princípio era uma família normal e bonita, mas com o efeito da aproximação da “lupa”, como sempre, a visão se ampliou, mostrando as discrepâncias daquilo que a olho nu não se consegue perceber. Neste caso específico, eram pais e filhos numa desarmonia total, devido à insistência das “crianças” pela compra de um aparelho novo de celular e um play station. Enquanto o pai cedia por um lado, a mãe relutava pelo outro, e vice-versa, e, nesse cabo de guerra, chantagens e acusações mútuas, foram trocadas explicitamente à frente dos “olhares” espantados de clientes e vendedores da loja. A sensação de quem presenciava a cena, obrigatoriamente, como no meu caso, era de absoluto caos doméstico. Eles definitivamente não se entendiam. Metaforicamente pode-se afirmar que a ausência de comunicação e estrutura familiar assemelhava-se à Torre de Babel. O casal que a princípio, como todos que ali estavam presentes puderam perceber, havia entrado no estabelecimento simplesmente para comprar uma máquina de cortar grama, acabou “obrigado”, pela tirania dos filhos, a levar bem mais do que podia, quiçá do que precisava. Basta contar que nessa história o final foi no mínimo hilariante, para não dizer ridículo e absurdo, já que a máquina de cortar grama, provavelmente muito mais importante, naquele momento, não foi adquirida, e o pior, a menina já tinha um celular e os meninos também já tinham um vídeo game, já que todos categoricamente insistiam que precisavam “trocar” seus equipamentos por algo que fosse semelhante aos que possuíam os seus colegas... Quando, finalmente, o vendedor apareceu com a lâmpada, uma luz se acendeu (desculpe-me pelo trocadilho), me fazendo entender que além de o supérfluo estar ganhando destaque, cada vez mais, dentro dos nossos lares, os pais com certeza estão quebrando as regras básicas de educação e convivência, tanto familiar quanto social, ao permitir que os seus filhos decidam o que é ou não relevante ao orçamento doméstico, ou melhor, quando decidem o que deve ser prioritário à família. Portanto, pode-se afirmar, com isso, que a ditadura da substituição das coisas chegou também ao patamar afetivo, onde o amor e a autoridade deram lugar ao desrespeito e a submissão de quem deveria estar educando e dando o exemplo. Como já disse o líder sul africano Nelson Mandela A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”.
Aos pais cabe direcionar o caminho
 Embora ninguém que ali estivesse presente assistindo àquela cena deplorável tenha agido de forma acintosa “encarando” os “atores” da tragicomédia, ao contrário, quem pôde até saiu de "fininho", as três crianças, que aparentavam ter entre 10 e 14 anos de idade, em alguns momentos, enquanto eram lembradas pelos seus pais de que naquele lugar havia outras pessoas, aguardando pelo atendimento, eles respondiam desdenhosamente em coro que estavam “pouco se lixando” para nós que ali estávamos presentes, atitude essa que denotava uma total e absoluta falta de educação, até porque havia pessoas idosas naquele recinto, que, somente pelos seus fios de cabelos brancos, mereciam total respeito por parte daqueles jovens - uns “fedelhos”, arrogantes e manipulares que deixaram a todos constrangidos, inclusive os próprios vendedores, que lhes pediam paciência -, enquanto isso os pais continuavam a discutir o limite do cartão de crédito...
  Então é isso! Logo pensei com os meus botões, os filhos, agora, estão dando as cartas, num jogo onde a competição, além de ser desproporcional é também emocional. Pais e filhos já não sabem quais são os seus papéis, e nessa “quebra de braço” os filhos estão levando vantagens e ampliando seu território, enquanto dão as ordens. Entretanto, quando pais omissos e covardes deixam de educar corretamente, as crianças se transformam em pessoas prepotentes e manipuladoras, assim os pais se tornam cúmplices de uma sociedade injusta e tirânica.
 Em suma, são essas famílias desajustadas moral e emocionalmente que estão tornando o nosso mundo insustentável e desequilibrado. E, não é o amor demais que está estragando os filhos, é a insegurança, a falta de responsabilidade e de comprometimento dos pais, que não querem ter o trabalho nem o desconforto de educar, já que essa é uma tarefa árdua e cansativa. Além do mais é muito mais cômodo silenciar suas “tiranias”, fazendo-lhes as vontades, já que os castigos costumam ser ruidosos (choros/gritos/reclamações/lamentações). Impor limites aos filhos, fará deles pessoas muito melhores, pois dos mal educados todos querem distância. E se essa história não o convenceu, pense que criamos nossos filhos para o mundo. Não seria bom se este os acolhesse com amor e carinho? Obviamente que sim, justamente porque eles se tornarão adultos especiais: seguros, carismáticos, generosos e principalmente bem educados, quiçá civilizados. Esses sujeitos provavelmente sofrerão bem menos em todas as etapas de suas vidas, visto que, efetivamente, estarão inseridos de forma harmoniosa na sociedade. Pense nisso, antes de sair de casa para ir às compras ou a um simples passeio, isto é, pré-estabeleça algumas regras às crianças... lembre-se da frase do famoso escritor italiano Edmondo De Amicis “A educação de um povo pode ser julgada, antes de mais nada, pelo comportamento que ele mostra na rua. Onde encontrares falta de educação nas ruas, encontrarás o mesmo nas casas”. Assim sendo aproveite o seu dia em paz com sua família, pois ela é a base para uma sociedade equilibrada! 

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