segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Sem liberdade estamos fadados à loucura

       É com um misto de incredulidade e decepção que vejo a todo instante nas redes sociais as pessoas se digladiando com a intenção de medir qual das duas tragédias merece mais atenção, se a ocorrida em Mariana, Minas Gerais, ou a de Paris. Quanta bobagem! Os dois acontecimentos são dois dramas distintos, e igualmente importantes, pois ambos destacam a ignorância humana e a falta de amor ao próximo, e que cada um, de forma singular, possa se identificar mais com um do que com o outro ou com os dois; isso se chama liberdade de escolha. No entanto, não vou aqui me distender falando das duas tragédias porque creio que praticamente tudo já foi dito. Apesar dos muitos absurdos que tenho lido nesses últimos dias, denotando que a maioria não tem a mínima ideia sobre as razões pelas quais escolheu um dos dois acidentes para “sofrer mais”, embora isso tenha seu lado positivo: evidencia que somos livres para fazermos nossas escolhas, e de acordo com elas expressar nossas opiniões, de forma correta ou equivocada, de acordo com o ponto de vista singular de cada um; e é sobre isso que venho aqui discorrer: o direito à liberdade de expressão, direito de vivermos como quiser, sem com isso provocar nenhum um dolo ao outro. Isto é o que se espera de um mundo civilizado e contemporâneo, onde todos tenham seus direitos civis assegurados. Isso é democracia.
     
       A tragédia de Mariana impactou muito, não só pelo aspecto humano, mas também pelo aspecto ambiental. Assassinamos um rio e toda a vida que havia nele e nos arredores! Isto é horrível! Mas aqui podemos gritar e apontar os culpados, exigir providências dos responsáveis. Mais uma vez podemos dizer que, apesar do horror dessa catástrofe ambiental e social, temos a democracia como base para mudar o que está errado. Já o ocorrido em Paris foi uma tentativa de calar o mundo pela imposição de valores que sequer consigo imaginar para a minha vida ou para as pessoas com as quais convivo.  Que mulher quer viver submissa a um homem? Que mulher moderna e inteligente ambiciona ter seus desejos sufocados, receber ordens, se tornar escrava sexual, ser estuprada diariamente, apanhar, usar trajes fechados, ser usada como moeda de troca, não ter o direito de estudar, trabalhar, não ter opinião própria, enfim qual mulher deseja se tornar um zumbi, ou seja: uma morta viva? É isso que o Estado Islâmico pratica diariamente e prega como filosofia religiosa. Pois eu prefiro pegar numa arma e lutar até a morte ao deixar que um bando de doente mental, trogloditas, retrógrados, imbecis de posses de todo tipo de armamentos, venham ditar princípios e comportamentos e acabarem com aquilo pelo qual tanto lutamos: nossa democracia e liberdade. 

Há séculos, batalhamos por um mundo igualitário, é certo que temos avançado a passos de tartaruga, mas estamos caminhando para que todos, eu disse todos, tenham os mesmos direitos. Nós mulheres, já passamos por tantas humilhações perante esse mundo machista e sexista; fomos extorquidas de exercer nossos direitos civis, e somente agora começamos e vislumbrar mil possibilidades e a conquistar o espaço que é nosso por direito, como seres humanos. E assim como nós o mesmo aconteceu aos homossexuais, negros, judeus, deficientes físicos. Sofremos tantos abusos em decorrência do preconceito, da discriminação de gênero e raça, e quando penso que ainda há tanto por conquistar, vem um grupo radical, atrelado a um passado de horrores e punições, querendo implementar pela força uma forma de viver (se é que podemos chamar isso de vida) baseado em leis ultrapassadas, que não contribuem minimamente para o desenvolvimento da humanidade. Criaturas cruéis, imbecis que, de posses de todo tipo de armamento, tentam ditar princípios e comportamentos, com o intuito de propagar um estilo de vida permeado pelo uso da força e violência e por ideias radicais. Não, não podemos deixar que eles sequer sonhem com tal possibilidade. Somos todos iguais e livres! Precisamos caminhar para uma elevação espiritual e social, e qualquer coisa que se oponha a isso se chama loucura.

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