
A paranoia é tão gritante, que mesmo antes de procurar um local para um repouso merecido, alguns indivíduos optam por lugares onde haja sinal de telefonia celular, internet, TV a cabo etc. Alguém arriscaria dizer que tudo isso não provoca efeitos colaterais? Pois eu aposto que ao menos a minha geração está sofrendo com toda essa carga excessiva, que atiraram sobre ela, nos últimos anos. Na verdade não temos o que fazer com tanta informação, e assim que alguém nos comunica algo novo, da qual não tivemos tempo de nos inteirar, a sensação que permanece é que, de alguma forma, perdemos o “trem”, isto é, há uma obrigação implícita de que devemos saber tudo, o tempo todo, sobre o que acontece em nossa cidade, estado, país e no mundo. Que loucura! Estamos virando servos do excesso de informação, mesmo que essa não seja relevante, muitas vezes, à vida que levamos. Então para não passarmos por ignorantes abraçamos tudo, sem prestar atenção a nada. Tudo é efêmero, o tempo é demasiadamente curto para que haja em nosso cérebro o processo efetivo de tanto conhecimento, com isso, aos poucos, toda essa ansiedade pelo “saber” vai se transformando em frustração e incapacidade. Então, aqui vale inserir uma pequena e particular história: a minha. Assim que entrei para a escola, em meados dos anos 70 – não vale tentar calcular a minha idade – à época, era comum que muitas crianças não tivessem televisor em casa, eu era uma delas. O fato se tornava potencialmente frustrante quando eu ouvia a professora comentar com os outros alunos sobre o que havia ocorrido no capítulo da novela, transmitido na noite anterior. Sentia-me um peixe fora d’água, alguém que não pertencia àquele mundo. Talvez essa seja a mesma sensação que muitas pessoas têm, atualmente, ao serem questionadas sobre determinadas tecnologias: ipod, iphone, ipad, internet, e-mail, skype, e-book... Tudo isso, isoladamente, tem o seu valor, porém quando se torna uma obsessão à obtenção de toda essa “parafernália” tecnológica, acontece uma implosão singular no modo como as pessoas optam pela forma de se comunicarem, já que escolhem viver muito mais de maneira artificial/virtual do que de modo legítimo. Isso a meu ver é bastante perigoso, pois está cada vez mais difícil o enfrentamento dos problemas reais, que agora passaram a ser divulgados e discutidos em sites de relacionamentos, que muitas vezes parecem tatames, usados para disputas pessoais e onde o veredito é ditado pelo curtir, comentar e compartilhar... Alguém já percebeu os recadinhos exibicionistas, irônicos, maliciosos, indiretos, provocadores e até mesmo ameaçadores? Esse exagero, sem dúvida alguma, está causando muitas discórdias e aborrecimentos, além de casos de depressão e estresse.

Contudo, diante desse cenário tecnológico, que como um tsunami arrasta tudo pela frente, não há como separar o joio do trigo, ou seja, é preciso que haja cautela, pois uma frase ou uma imagem “distorcida” intencionalmente ou não, faz com que uma “informação” seja interpretada de várias maneiras, e a responsabilidade e a repercussão, necessariamente, poderá passar por níveis diferentes de julgamento. Assim sendo, torna-se relevante lembrar que atrás de toda essa tecnologia da informação existem corações pulsantes. Assim a mutação do homem à condição de humanoide - junção do homem com o debiloide - será uma opção particular, lembre-se do livre arbítrio.

BOM NADISMO PRA VOCÊ!