sábado, 28 de novembro de 2015

A crueldade nos transforma no único animal a temer


     Diante de uma série de acontecimentos ocorridos nos últimos tempos, envolvendo maus tratos aos animais, venho me perguntando continuamente para onde caminha a humanidade? Com que direito tomamos às rédeas da natureza em nossas mãos, definindo de forma sádica o destino dos outros seres que habitam esse planeta? No entanto, para a maioria das pessoas a única maldade que realmente deve ser levada em consideração é aquela praticada contra os próprios seres humanos, os únicos que entendem como sendo seus semelhantes, o restante nasceu para morrer, então como estamos, supostamente, no topo da cadeia alimentar, - que estamos fazendo questão de desequilibrar com a nossa falta de bom-senso -, não importa o quanto eles possam sofrer, desde que suas mortes tenham um propósito humano ou desumano, tanto faz, pois são considerados inferiores mesmo. Dessa forma são abatidos diariamente para satisfazer, sob os mais variados pretextos, as necessidades de consumo do homem e suas frivolidades, sendo eles: cachorros, gatos, raposas, coelhos, chinchilas, jacarés, baleias, golfinhos, tubarões, cobras, gado, cavalos, jumentos, javalis, elefantes, rinocerontes, tartarugas, aves... Não basta matar para saciar a fome, é preciso abater para atender as futilidades exigidas pela vaidade, que pode ser considerada como “um princípio de corrupção”, como já disse Machado de Assis, escritor brasileiro. Portanto podemos concluir que A compaixão para com os animais é das mais nobres virtudes da natureza humana. Charles Darwin, naturalista britânico.
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     Para piorar esse quadro caótico o mundo das pseudo-celebridades contribui na medida que atiça e incentiva esse mercado carniceiro. As maiores responsáveis por essa monstruosidade são as mulheres ditas “famosas” que fazem uso de roupas de peles de animais, como a Lady Gaga, a Rihanna, entre outras. Sendo que a cantora Rihanna, assim como a personagem Cruela do desenho animado, desejou ter uma vestimenta confeccionada com pele de animal. Ela encomendou um vestido de pele de raposa e fios de ouro, feito por um estilista chinês que, segundo eu imagino, deve ser um grande apreciador de carne de cachorro. Porém, ela não está sozinha, muitas outras personalidades famosas adoram desfilar suas onerosas roupas para entretenimento e ostentação, mesmo que isso signifique o preço de uma vida, ou de várias. Mas o que para muitos pode ser considerado um luxo, eu classifico como lixo: já que literalmente foi feito com as “sobras” de uma criatura indefesa, que muito deve ter sofrido. O que me conforta é saber que “Chegará o tempo em que o homem conhecerá o íntimo de um animal e nesse dia todo crime contra um animal será um crime contra a humanidade.” Leonardo da Vinci, polímata italiano.  
     Onde está o homem moderno mesmo? Qual a diferença entre nós e os homens das cavernas? Eles não matavam para se exibir. Suas necessidades eram reais, matavam pela própria sobrevivência. Agora “arrastar animais mortos” dissimuladamente em nome de uma pseudo-moda é demais para a minha compreensão. Notem que mesmo relatando a imensa maldade praticada diariamente contra os animais, não vou aqui me ater àquelas outras criaturas das trevas que enterram animais vivos, jogam óleo quente, arrastam pelas ruas, porque essas pessoas são dementes e não há conscientização possível para elas, a não ser a lei do retorno, mas isso não é conosco é com a lei dos homens, quando estes são identificados, e com Deus.
    Não sou hipócrita, entendo que somos uma espécie carnívora, por natureza. Mas por que estamos incluindo mais “mortes” no nosso cardápio diário que por si só já é horripilante? Também me causa estarrecimento perceber que a matança de determinados animais causa prazer em muitos seres humanos, como a caça por exemplo. Onde está gozo nisso? "Eu sou a favor dos direitos animais bem como dos direitos humanos. Essa é a proposta de um ser humano integral." Abraham Lincoln, ex-presidente e político estadunidense. Portanto, o que de fato repúdio é a forma cruel como esses bichos são mortos; o processo doloroso a que são submetidos, antes que venham morrer, faz com que eu me sinta a mais impotente das criaturas, por não conseguir protegê-los dessa monstruosidade arquitetada por seres que se consideram racionais. Há um enorme abismo moral entre matar por sobrevivência e matar pelo simples prazer do paladar ou por arrogância. E vale todo tipo de justificativa para essa arbitrariedade. Não vou aqui descrever tais fatos porque sinceramente não tenho forças para tanto, e quem tiver maior interesse que faça sua própria pesquisa. Sinceramente acredito que “Antes de ter amado um animal, parte da nossa alma permanece desacordada.” Anatole France, escritor francês.
     Na verdade só estou escrevendo sobre esse acontecimento bárbaro porque acredito que somente a conscientização singular de cada um pode mudar esse cenário infernal. Porém confesso que faço isso com o coração palpitando de revolta e dor. Quem já não ouviu falar no tal foie gras, essa comida francesa, feita com fígado gordo de ganso e pato, que para chegar ao ponto desejado, o pobre animal precisa comer até não suportar mais. Tudo para que alguns imbecis possam saborear algo que provocou tanto sofrimento. Que mundo é esse que esfola um animal vivo para retirar-lhe o couro com maior facilidade e garantir assim a qualidade da sua pele? Assim fazem com os cachorros, vacas, porcos, gatos, focas, tubarões, mundo afora. Uma técnica apreciada pelos devotos do dito “couro amaciado”. E quanto ao uso de penas de aves em eventos festivos? E o consumo de carne de vitela? E a retirada do marfim dos elefantes e do chifre de rinoceronte, com o propósito de ornamentar objetos e fazer infusões afrodisíacas ou usar como perfumes e cosméticos, respectivamente. Você já parou para pensar que Os animais que você come não são aqueles que devoram outros, você não come as bestas carnívoras, você as toma como padrão. Você só sente fome pelas criaturas doces e gentis que não ferem ninguém, que o seguem, o servem, e que são devoradas por você como recompensa de seus serviços.” Jean-Jacques Rousseau, filósofo, teórico político, escritor e compositor autodidata suíço 
      Como o ser humano consegue visualizar sua imagem refletida no espelho sem o mínimo remorso por causar tanto sofrimento? Quem responde é o filósofo alemão Arthur Schopenhau “Quanto mais elevado é o espírito mais ele sofre.” Ah, tudo bem, você não se importa não é mesmo? Pois fique você sabendo que existe uma lei universal de causa e efeito, ou seja, tanta barbárie não ficará impune É compreensível que os indivíduos de má índole, que se deleitam com a prática do mal, estejam de tal maneira deformados moralmente, que para eles nada valerá tanto como o prazer sádico de ver os outros sofrerem. No entanto, somos nós que temos a consciência dessa crueldade que temos a obrigação de fazer cessar este processo de selvageria, abusivo e injusto. Assim sendo, se não for pela sua sobrevivência, não consuma produtos que possam impor tanto sofrimento aos animais. Pesquise sobre o que você está comendo. Se o foie gras causa agonia as pobres aves, despreze-o, existem outras opções de alimento. Se a tão deliciosa Nutella - assim como vários outros produtos - que é feita à base de óleo de palma, árvore que está causando a destruição do habitat dos orangotangos e dezenas de outros animais nas ilhas da Indonésia – Sumatra e Bornéo - devido à imensa procura pelo produto, já que houve nesses locais uma grande devastação da mata ciliar que foram substituídas pela plantação dessas árvores que invadem a África Ocidental pelas mãos de grandes corporações chinesas, arrasando agora o habitat dos gorilas, chimpanzés e babuínos, deixe de consumir este produto, ou faça substituição por algo que seja ecologicamente sustentável. Nós temos a força e a opção, não somos escravos do paladar. Muitos afirmam que não abrem mão do prazer de provar comidas exóticas e saborosas. E se a carne humana  fosse apreciada por ser a melhor dentre todas as iguarias, algo difícil de resistir, você se submeteria a experimentar? Você mataria por isso? Não!? Isso talvez porque você saiba que o prato principal um dia poderia ser você. Ah, entendi, você considera essa hipótese um absurdo, algo insano, reprovável, uma verdadeira blasfêmia. Ótimo! Os animais têm os mesmos direitos que os seres humanos. Esse planeta é tão nosso quanto deles, por isso ensine seus filhos desde cedo porque “A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de caráter, e quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem.” Arthur Schopenhauer, filósofo alemão. Pássaros foram feitos para voar, não para ficar engaiolados, rodeios são divertimentos bárbaros e impróprios para Nações civilizadas. Animais merecem respeito e amor. Impor sofrimento a eles é inadmissível. E saiba que cada vez que um animal entra em extinção, um pouco de nós desaparece com ele. Não aceite calado os maus tratados impostos aos nossos semelhantes. Ao ver um animal ser maltratado, não tenha medo de se expor: grite, exija respeito. Vamos mudar esse mundo para melhor, pois “A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados.” Mahatma Gandhi, líder pacifista indiano que lutou pela independência da Índia e pela paz entre hindus e muçulmanos. 
Se você se identificou com esse texto e concorda com o que está escrito nele repasse para os seus amigos, colegas, parentes, conhecidos... Façamos uma corrente do bem em prol daqueles que não podem se defender de tanta maldade.



segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Sem liberdade estamos fadados à loucura

       É com um misto de incredulidade e decepção que vejo a todo instante nas redes sociais as pessoas se digladiando com a intenção de medir qual das duas tragédias merece mais atenção, se a ocorrida em Mariana, Minas Gerais, ou a de Paris. Quanta bobagem! Os dois acontecimentos são dois dramas distintos, e igualmente importantes, pois ambos destacam a ignorância humana e a falta de amor ao próximo, e que cada um, de forma singular, possa se identificar mais com um do que com o outro ou com os dois; isso se chama liberdade de escolha. No entanto, não vou aqui me distender falando das duas tragédias porque creio que praticamente tudo já foi dito. Apesar dos muitos absurdos que tenho lido nesses últimos dias, denotando que a maioria não tem a mínima ideia sobre as razões pelas quais escolheu um dos dois acidentes para “sofrer mais”, embora isso tenha seu lado positivo: evidencia que somos livres para fazermos nossas escolhas, e de acordo com elas expressar nossas opiniões, de forma correta ou equivocada, de acordo com o ponto de vista singular de cada um; e é sobre isso que venho aqui discorrer: o direito à liberdade de expressão, direito de vivermos como quiser, sem com isso provocar nenhum um dolo ao outro. Isto é o que se espera de um mundo civilizado e contemporâneo, onde todos tenham seus direitos civis assegurados. Isso é democracia.
     
       A tragédia de Mariana impactou muito, não só pelo aspecto humano, mas também pelo aspecto ambiental. Assassinamos um rio e toda a vida que havia nele e nos arredores! Isto é horrível! Mas aqui podemos gritar e apontar os culpados, exigir providências dos responsáveis. Mais uma vez podemos dizer que, apesar do horror dessa catástrofe ambiental e social, temos a democracia como base para mudar o que está errado. Já o ocorrido em Paris foi uma tentativa de calar o mundo pela imposição de valores que sequer consigo imaginar para a minha vida ou para as pessoas com as quais convivo.  Que mulher quer viver submissa a um homem? Que mulher moderna e inteligente ambiciona ter seus desejos sufocados, receber ordens, se tornar escrava sexual, ser estuprada diariamente, apanhar, usar trajes fechados, ser usada como moeda de troca, não ter o direito de estudar, trabalhar, não ter opinião própria, enfim qual mulher deseja se tornar um zumbi, ou seja: uma morta viva? É isso que o Estado Islâmico pratica diariamente e prega como filosofia religiosa. Pois eu prefiro pegar numa arma e lutar até a morte ao deixar que um bando de doente mental, trogloditas, retrógrados, imbecis de posses de todo tipo de armamentos, venham ditar princípios e comportamentos e acabarem com aquilo pelo qual tanto lutamos: nossa democracia e liberdade. 

Há séculos, batalhamos por um mundo igualitário, é certo que temos avançado a passos de tartaruga, mas estamos caminhando para que todos, eu disse todos, tenham os mesmos direitos. Nós mulheres, já passamos por tantas humilhações perante esse mundo machista e sexista; fomos extorquidas de exercer nossos direitos civis, e somente agora começamos e vislumbrar mil possibilidades e a conquistar o espaço que é nosso por direito, como seres humanos. E assim como nós o mesmo aconteceu aos homossexuais, negros, judeus, deficientes físicos. Sofremos tantos abusos em decorrência do preconceito, da discriminação de gênero e raça, e quando penso que ainda há tanto por conquistar, vem um grupo radical, atrelado a um passado de horrores e punições, querendo implementar pela força uma forma de viver (se é que podemos chamar isso de vida) baseado em leis ultrapassadas, que não contribuem minimamente para o desenvolvimento da humanidade. Criaturas cruéis, imbecis que, de posses de todo tipo de armamento, tentam ditar princípios e comportamentos, com o intuito de propagar um estilo de vida permeado pelo uso da força e violência e por ideias radicais. Não, não podemos deixar que eles sequer sonhem com tal possibilidade. Somos todos iguais e livres! Precisamos caminhar para uma elevação espiritual e social, e qualquer coisa que se oponha a isso se chama loucura.