quarta-feira, 29 de junho de 2011

Aprendizes de super-heróis


As
 crianças buscam, através das brincadeiras, recriar atitudes dos seus heróis e super-heróis, a quem aprendem a admirar e respeitar. Esses personagens super poderosos não só habitam o imaginário infantil como os influenciam de modo a que tenham coragem e pratiquem o bem, já que se aprende com eles que o mal existe e precisa ser combatido, sempre. Contudo, essa idiossincrasia ingênua faz com que cada criança, através do seu anseio individual, se identifique com um determinado personagem. Essa identificação tão singular fez com que eu, quando criança, desejasse ser a super-heroína Mulher Maravilha. Enquanto as meninas, normalmente, esperavam por um príncipe montado num cavalo branco - influenciadas pelos contos de fadas-, eu sonhava - sugestionada pelos "Gibis" - em voar nos braços do Super Homem ou andar no batmóvel com o Batman, embora eu suspirasse pelo riquíssimo e "aguado" Namor – príncipe submarino, com aquela sunga molhadinha e colada...  - Uiii!! Adoro peixe! (sério, eu era totalmente surtada e interesseira!). Porém, o tempo foi passando, e, obviamente, a tola, que aqui escreve, foi crescendo e dando-se conta que esses super-heróis habitavam outro “mundo” chamado Estados Unidos da América. Era, somente, naquele país que eles atuavam em defesa dos fracos e oprimidos. Ai essa doeu! Eles tinham até um super-herói criado sob medida: o Capitão América, que lutava sob a bandeira do patriotismo norte americano. Foi a partir daí que a ficha caiu... O resto do mundo que...  Bem, o resto do mundo aos olhos dos meus heróis, alados e super poderosos, não existia, até porque imagine o trabalho que eles teriam se tivessem que combater o mal em países subdesenvolvidos, como o nosso. Haja heroísmo! Brasília ia ganhar uma filial da Liga da Justiça!... Sonhos à parte...
Lynda Carter a eterna
 Mulher Maravilha
          E, assim, desencantada, decidi crescer, isto é, mudar o foco, também pudera, já estava crescidinha. No entanto, após todos esses anos de desilusão (eu devia ter procurado um terapeuta), ocasionado pela crença em super-heróis, que não ligam a mínima para os tupiniquins que habitam essa terra, localizada abaixo da linha do equador, descobri com tristeza e pesar que, por essa omissão deles, os bandidos invadiram o nosso território, visto que, lá pra cima, o povo aprendeu com os seus heróis a não permitir que vilões comparados ao Coringa, Pinguim, Lex Luthor, entre outros, assaltem ou corrompam, sem que com isso sejam exemplarmente punidos. Lá a justiça e o sistema prisional funcionam. É verdade que volta e meia um deles consegue escapar, mas aí entra a Liga da Justiça, que o captura, novamente.

 Ufa! Depois de, finalmente, conseguir sair desse retardo alienatório da terra do Tio Sam (já não era sem tempo), procurei por um super-herói que fosse genuinamente nacional, e encontrei o HG – Homem Grilo, cujo poder foi conquistado através da “mordida” de um grilo radioativo (dãããããã... grilos não mordem). Mais uma decepção para a minha coleção, o forte impacto dessa informação me deixou preocupada... Nossa defesa estava nas “mãos” de um inseto! Agora me respondam, por que um grilo, quando temos uma fauna tão diversificada e mais interessante? Ah, deixa pra lá! Além de tudo o HG deve ter ido “cantar” noutra freguesia. A coisa podia ser pior, imagine se eles tivessem optado pelo HBP – Homem Bicho Preguiça; HA – Homem Anta... 
Demorou, mas para a felicidade "geral" da Nação, finalmente o destino fez surgir um "herói" nacional. É provável que ele não tenha sido criado para fazer concorrência ao Capitão América, mas bem poderia, já que ambos possuem a mesma insígnia militar, eis, então,  o Capitão Nascimento, cuja palavra de ordem é “pede pra sair!”, repetida à exaustão pelo povo que o adora. Ele é a síntese de um anti-herói, cujo modo de fazer justiça é bastante peculiar, isto é, com as próprias mãos. Um personagem criado para descer o “sarrafo na bandidagem”, por isso passou a ser um “ícone” idolatrado pelos desvalidos, que se identificam com o seu jeito de supliciar e punir bandidos, no mesmo instante que já não acreditam na justiça nem no Estado.
*Agora, se for para escolher um capitão, que tal o brilhante, ambíguo, trambiqueiro, atrapalhado, louco e fascinante Capitão Jack Sparrow...


     Povo heróico bravo e retumbante

Contudo, a maturidade nos leva a capricharmos mais em nossas escolhas e a “mergulharmos” numa reflexão profunda, ainda mais quando somos inspirados pelo mais belo Hino Nacional: o nosso. E, portanto, nele acomodei meus pensamentos e, assim, passei a ponderar sobre nós, os brasileiros, gigantes pela própria natureza, que conseguem, mesmo com tantas dificuldades, conquistar com braços fortes, em nome dessa pátria amada e idolatrada chamada Brasil. Mas que, no entanto, não encontram na justiça a “clava” forte, mas que nem por isso fogem à luta... Povo esse, heróico bravo e retumbante, e que colossalmente atua com dignidade nas mais diversas categorias profissionais: bombeiros, policiais, médicos, professores, trabalhadores assalariados, etc. Cidadãos esses que, silenciosamente, bradam por melhores condições de trabalho e salário, e que por isso mesmo são super poderosos, no momento em que atuam com esforço e dedicação em prol de toda a sociedade, para sobreviver e sustentar suas famílias dignamente, sem recorrer a vilanias.
Em suma, se a axiologia do super-herói ensina que é necessário a ele ter a coragem, determinação, solidariedade, bondade, amizade, lealdade, perseverança e além de tudo ter um compromisso com a verdade e não fugir às suas responsabilidades, quem está mais propício a receber esse título honorífico por essa missão cumprida, diariamente, senão esses brasileiros que, tão similares aos nossos pais e a nós mesmos, apesar de estar longe desse arquétipo de herói clássico, e sem a intenção de fazer um pastiche, são suficientemente capazes de operar milagres com suas ações cotidianas, para como super-heróis, mesmo desprovidos do uso de máscaras, se reconhecerem e não morrerem de fome e de desesperança... É assim que nós, cidadãos brasileiros, desafiamos o nosso peito à própria morte, diariamente, sem, infelizmente, o “heroísmo” do Estado a nos defender e proteger, e, enquanto isso, os únicos que parecem estar deitados eternamente em berço esplêndido são aqueles que o governam. 
                                     

.







sexta-feira, 24 de junho de 2011

Chegadas e partidas




À
 frente do programa, Chegadas e Partidas, do GNT, Astrid Fontonelle tem apresentado com “maestria” esse reality show que se passa no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. O entretenimento é inspirado na série holandesa "Hello goodbye". Embora eu seja avessa a reality shows, e nem sempre tenha tempo para assistir a esse programa, preciso confessar que quando o assisto fico comovida com as histórias abordadas pela apresentadora, que dá a ele um caráter particular e casual, sem pieguices.
Essa marca da singularidade humana, envolvendo histórias individuais, abre espaço para versões surpreendentes, nos levando a pensar em quantas histórias dariam um bom livro ou um bom roteiro de cinema. Então, naquele “cenário”, onde a hora do encontro é também despedida, é a vida... (como diz a letra da música de Milton Nascimento/Fernando Brandt) o alvoroço esboça sensações ambíguas e contraditórias com pessoas sorrindo e/ou chorando, enquanto, cheias de ansiedades e expectativas, aguardam no saguão aqueles que amam regressarem ou partirem: são familiares, amigos, amores... E, no momento em que esperam, elas se perdem entre olhares aflitivos, lágrimas, sorrisos nervosos, e, nesse “caldeirão” de emoções, há uma mistura de sentimentos alegrando ou entristecendo corações. A dialética é compreensível já que passamos a vida inteira nessa “gangorra-emocional” – entre altos e baixos – aprendendo a lidar ora com a dor da separação ora com as alegrias de um encontro ou até mesmo de um reencontro. É assim a cada vez que, por algum motivo, geralmente alheio a nossa vontade, precisamos vivenciar essa realidade. Alguns se vão por “breves” momentos, para em seguida retornarem; já outros se afastam para sempre, deixando para trás a dor causada pela ausência. Toda separação enseja psicologicamente um sentimento de desamparo proveniente da perda do outro; ainda assim, muitas vezes, são trajetórias opostas sem jamais deixar de se olhar... Dessa vez a letra da música é do Gonzaguinha, “Feliz”...
♫...“É um carinho guardado no cofre...
 De um coração que voou...
 É um afeto deixado nas veias...
 De um coração que ficou...
 É a certeza da eterna presença...
 Da vida que foi...
 Da vida que vai...
 É a saudade da boa”...♫
Assim podemos dizer que a vida humana é permeada por essas duas emoções básicas e fundamentais: alegria e dor, cuja contribuição à nossa evolução espiritual, no momento em que nos traz experiência, entre chegadas e partidas, faz com que compreendamos que a maioria dos relacionamentos são, por sua essência, complexos e efêmeros, e a suposição de que “ninguém é de ninguém” pode ser relevante, nesse momento.  No entanto, racionalizar esse fato nem sempre é tão fácil, já que somos humanamente vulneráveis e possessivos, por isso o sofrimento causado pela partida de alguém pode ser tão devastador quanto à perda causada pela própria morte. Entretanto, deve-se ter bastante cuidado para não passar do apego à dependência, já que a linha entre os dois é tênue e perigosa; e reza o dito popular que é melhor se apoiar do que se agarrar. Essa premissa deve valer como regra geral a todos os nossos relacionamentos.
Agora, se o destino trás aquele que partiu, de volta, o coração agradece e as lágrimas já não serão de tristeza e dor, mas do mais puro contentamento. Porém, às vezes, é somente em ambos os casos: separação e reencontro, que compreendemos, efetivamente, o quanto o outro é importante em nossa vida. Mas, se o retorno não for possível é aconselhável usar um único e eficaz remédio: o tempo, cuja dosagem, ainda que lenta e gradual, tem esse poder de fazer a dor da saudade ser aplacada paulatinamente, basta que se exercite a paciência e o equilíbrio, até que ele comece a fazer o efeito desejado.
E a vida segue assim, separação e reencontro sem ter fim... Porém um dia chegará, e disso não podemos escapar, jamais, em que seremos nós a partir, finalmente, da vida daqueles que amamos, para além dessa vida terrena aguardá-los, e, assim, com eles compartilharmos um novo recomeço... Assimilar essa verdade é a única chance que temos, aqui neste plano, de aproveitar essa oportunidade de sempre que possível demonstrar àqueles que de fato amamos o quanto eles são importantes para nós, já que não temos como saber quanto tempo permaneceremos juntos. Portanto essa concepção de que estamos, por natureza, sozinhos, não se sustenta...


A vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se para frente. 

domingo, 19 de junho de 2011

Atire a primeira pedra paleolítica

 
H
á quanto tempo o homem caminha sobre a Terra? Estudos indicam que há cerca de 200.000 anos vários grupos dos Neanderthais já ocupavam parte do Velho Mundo. Período esse denominado de Paleolítico. No entanto, pretendo aqui estabelecer uma simbólica "conexão"  com esses nossos ancestrais com o intuito de promover uma singular comparação evolutiva entre eles e o "homem moderno" no campo da racionalidade, visto que, naqueles tempos, a probabilidade de um homem morrer pelas mãos de outro era de 60%, devido ao grau de estupidez dessas criaturas, cujo forte não era a comunicação e o entendimento.  É evidente que ao longo desses milhares de anos a evolução acabou concedendo ao ser humano a capacidade de se colocar no lugar do outro, essa empatia, em algum momento, fez com que ele passasse a imaginar e se sensibilizar com a realidade que o outro vive.  Entretanto, ainda hoje, o homem não aprendeu a dominar seus ímpetos, e facilmente extrapola o campo da racionalidade, assim como os seus ancestrais da Idade da Pedra Lascada, já que cai naturalmente na armadilha de suas emoções, impelido pela inveja, cólera, ódio, rancor e até mesmo pela paixão. Esse atraso “mental” o equipara, então, ao homem primitivo.  A partir dessa premissa se chega à conclusão de que a humanidade ainda, em pleno século XXI, não saiu totalmente das cavernas, como quer acreditar, visto que não aprendeu a lidar, também, com as diferenças  dos seus semelhantes, sejam elas no campo religioso, cultural, ideológico, sexual, político e social. Eis a pergunta que não quer calar: por que não evoluímos significativamente de modo a aceitarmos o outro plenamente?

Ainda crianças, somos “obrigadosa nos posicionar sobre tudo: preferências de um modo geral...  Opções essas que partiram em função dos interesses daqueles que nos educaram e que fizeram parte do nosso convívio: pais, avós, irmãos, tios, amigos... Então, na verdade, podemos afirmar que as nossas escolhas, obviamente, não são exclusivamente nossas, no momento em que sofremos um “bombardeio” de influências educacionais, através de indivíduos que fizeram e ainda fazem parte das nossas vidas. Será que podemos supor, com isso, que somos a soma do meio em que estamos inseridos? É provável, já que absorvemos essa influência cultural o tempo todo. Contudo, se espera que, ao crescer, o homem amadureça, evolua e siga o seu próprio caminho em busca de sua verdadeira identidade, e, a partir daí, consiga raciocinar de forma independente, dispensando assim a interferência do outro, em sua vida. É isso o que deveria acontecer, porém nem sempre acontece. Visto que o ser humano é resistente a mudanças de valores, e com isso paradigmas são dificilmente quebrados. Assim sendo, por desconhecerem os fatores que permeiam à integração social, cuja inserção permite a formação de teias de sociabilidade, muitas dessas pessoas se isolam em “ilhas” onde a singularidade de ideias os separa daquilo que eles conceituam como sendo a “escória” da humanidade, passando o resto do mundo a não existir mais para eles. Desse modo, se formam grupos sociais radicais, totalmente apáticos, ultraconservadores, ultrapassados e isolados, que acreditam que somente a eles Deus proverá e salvará da danação do inferno eterno, já que tomaram para si a missão de “salvar o mundo” dos impuros, indignos... -  concepção essa exclusivamente deles, obviamente. Eis o nascimento do fanatismo religioso, dos extremistas, racistas, machistas, homofóbicos, feministas e até mesmo das violentas torcidas organizadas.
É essa distorção cultural que gera a intolerância e atiça o preconceito em suas múltiplas formas. Ah, convenhamos, nada pior do que indivíduos que não têm capacidade de ter um raciocínio lógico; sem essa habilidade intelectual, esses sujeitos “cegos” se deixam manipular pelos outros, seguindo doutrinas ultrapassadas, desprovidas de racionalidade, formando “bandos, bondes, gangues, torcedores fanáticos/agressivos...”

No entanto, esse comportamento irracional e pré-histórico, não se restringe somente aos fanáticos, mas também aos preconceituosos, que cresceram acreditando que por pertencerem a uma determinada religião, sexo, cultura, cor, raça e posição social, são superiores aos demais.  Portanto, existe, sim, uma constatação de que fanáticos e preconceituosos, por sua estupidez, são mesmo "farinhas do mesmo saco". A preocupação é relevante no momento em que paramos para pensar que são essas pessoas que impedem um avanço significativo em nossa esfera cultural, quiçá espiritual, enquanto “atrapalham” o desenvolvimento intelectual e social de todos os seres humanos.


      Alienação e atraso  


Por essa perspectiva, apresentada no texto acima, se pode “enquadrar” o torcedor fanático, dentro desse contexto, já que, muitas vezes, esse não tem a mínima noção do real motivo que o levou a escolher um time ao outro, - talvez tenha sido influenciado pelos parentes, pela mídia ou amigos... Contudo, ele é capaz de se autodestruir, destruir amizades e até a própria família, em nome dessa paixão escolhida aleatoriamente. O exagero desse quadro comportamental leva a crer que o caso está mais para uma patologia do que para um entretenimento esportivo - sempre saudável.  Entretanto, o fato se torna relevante pela complexidade do assunto em questão, já que é incompreensível um indivíduo não entender que, mesmo com toda a sua devoção doentia ao seu time, os jogadores, os dirigentes e a comissão técnica, muito provavelmente, jamais darão a mínima importância se acaso ele vier a falecer, adoecer, ficar desempregado, ou mesmo se precisar de ajuda financeira, já que todos eles estão ali, também, como simples funcionários do clube esportivo, e, mesmo gostando do esporte, a maioria não hesitaria em trocar de “clube” por um salário maior ou condições melhores de trabalho, ainda que a oportunidade surgisse a convite do time rival. Portanto, eu gostaria de entender o motivo pelo qual esse torcedor fanático, abre mão de coisas realmente significativas em sua vida, por algo tão efêmero, e que além de tudo está sempre em constante mutação – trocam técnicos, jogadores, dirigentes... Então, a quem ele deve tanta lealdade? Será que já parou para pensar, de fato, no que mudará significativamente em sua vida se acaso seu time perder ou ganhar? O mesmo deveriam pensar as tietes histéricas em relação aos seus ídolos, que geralmente se mostram entediados com os seus comportamentos invasivos, quando tolhem sua privacidade... 
Razão e dignidade são essenciais à evolução humana!









sábado, 11 de junho de 2011

Comemore o seu amor próprio no Dia dos Namorados


Não queime seu filme à toa
O filósofo alemão Martin Heidegger, afirma em seu livro “Ser e Tempo” que estar só é a condição original de todo ser humano, no mundo. Portanto, aceitar ou não esse fato é uma decisão pessoal. Entretanto, nos distinguimos uns dos outros pela maneira como lidamos com a solidão e com o sentimento de liberdade ou de abandono que dela decorre, dependendo do modo como interpretamos a origem de nossa existência. Talvez isso explique porque enquanto para alguns a solidão é tão necessária, para outros é sentença de morte, fato que os leva a uma procura frenética e perigosa pelo outro, na ânsia, de somente dessa forma, encontrar a felicidade tão propagada por todos os cantos. E assim, sem nenhum critério de escolha, se lançam, por desespero de causa, nas mais variadas aventuras, cujas consequências, geralmente, são desastrosas e frustrantes. Desprovidos de amor próprio, esses indivíduos são conhecidos, popularmente, como os detentores dos tais “dedos podres”, já que costumam “apontar”, aleatoriamente, para qualquer um que, porventura, surja à sua frente. E, segundo alguns terapeutas, essa incapacidade de lidar com a solidão ou com o fato de não ser amado é o que leva muitas pessoas à depressão. E para piorar, é nessa época, com a proximidade do Dia dos Namorados, que o interesse à busca pelo outro se potencializa, e a necessidade de ser correspondido se acentua. Também pudera, com essa campanha ostensiva realizada pelo comércio e pela mídia, para a comemoração dessa data, esses solteiros, naturalmente carentes, passam a  sentir-se ainda mais fragilizados e rejeitados. No entanto, essa melancolia tem razão de ser? É óbvio que não! Estar apaixonado é muito bom, mas ser correspondido é melhor ainda. Assim sendo, não é aconselhável sair a “cata” de alguém, como tábua de salvação, cuja probabilidade em suprir suas necessidades imediatas é praticamente nula, pois, via de regra, um relacionamento amoroso, para acontecer, precisa de espontaneidade, portanto, forçar a relação é tolice e acelerar os acontecimentos, nessas circunstâncias, pode ser fatal ao enlace romântico. Entretanto, contaminados por essa “febre” romântica, muitos solteiros se lançam, freneticamente, nessa data, à procura por sua cara metade. Como a frustração, gerada pelo imediatismo, nesse caso, é dada como certa, a pessoa conclui, precipitadamente, que a sua outra metade da laranja apodreceu, virou pó ou resolveu, antecipadamente, se juntar a metade de outra fruta qualquer, pêra, manga, abacaxi... Xiiiiii! Que salada! Já imaginou a metade da sua laranja unida com a de uma jaca? Pode ser uma metáfora engraçada, mas se imaginarmos que, por impulso ou por medo da solidão, muitas vezes, nos desviamos daquele que efetivamente poderia nos fazer feliz, de fato, e com isso nos lançamos a outros “afetos”, que em nada têm a ver conosco, a coisa toda perde a graça. 
Agora, se depois de todos esses argumentos, ainda assim, você estiver a ponto de querer desaparecer ou mesmo de cortar os pulsos – metaforicamente falando, é lógico – só porque não terá alguém para trocar presentes, então fica aqui o consolo: lembre-se de que a grande maioria dos namorados trocam, pela primeira vez, apenas bugigangas, e que nesse caso, convém, então, se conformar com o fato de que é melhor não receber presente algum, do que estar com as gavetas e armários abarrotados de coisas que você jamais compraria. 
Aproveite sua liberdade
de forma criativa
Mas se você, racionalmente, optar por ficar em casa, a dica de leitura é o Guia dos Solteiros, um manual de sobrevivência de utilidade incontestável que oferece verdadeiras “pérolas” de sabedoria. Diz, também, entre outras coisas, que os solteiros estão sempre na moda porque destroem suas roupas nas lavanderias e que comer pizza fria no café da manhã é o maior exemplo de liberdade desse estado civil. E glorifica esta condição argumentando que foi o escolhido por Sherlock Holmes, Nietsche, Voltaire, Zorro, Batman, Pato Donald... E, na mesma condição, as mulheres também estão bem representadas: Margarida, Olivia Palito, Simone de Beauvoir, Sharon Stone, Madonna... Esse número expressivo de pessoas e até mesmo de personagens, muito bem resolvidos com a sua “solteirice”, comprova que o importante é a maneira pela qual lidamos com a nossa essência. 
Solteiras por convicção
Em suma, lembre-se de que há outras datas comemorativas como O Dia das Crianças, dos Pais, das Mães, Finados... E que você, por não ser criança, pai, mãe ou estar morto, nem percebe... (me desculpe, mas eu não podia perder a piada). Então, nesse domingo, junte-se aos seus amigos solteiros e aproveite para se divertir, sem culpa ou autopiedade, afinal de contas o dia poderá reservar muitas surpresas. E se até o dia 15 de agosto você estiver sozinho, então, finalmente, terá o que celebrar: a sua opção de estar livre, visto que, nesta data, comemora-se O DIA DOS SOLTEIROS! E essa escolha consciente e bem resolvida deve ser festejada.

domingo, 5 de junho de 2011

Drogas X Adolescentes

A
 maturidade nos leva a pensar que a adolescência, por sua característica conturbada e emocional, é uma etapa que bem poderíamos pular, obviamente sem perdermos o viço e a energia, inerentes a essa idade, que mal se dá conta do quanto é bom ascender. Digo isso ao lembrar-me do quanto é complicado, nessa fase de transição da vida humana, quando há uma profunda ebulição hormonal e sentimental, onde aumenta a necessidade de transgredir, ousar, desafiar, contestar... Enfim, devido a esse "descontrole" juvenil, provocado por essa intensa descarga hormonal, filhos e pais são levados a se confrontarem, constantemente. Diante disso, surgem verdadeiros “combates” familiares, que algumas teorias psicológicas explicam como sendo uma consequência natural ao crescimento do adolescente, quando, nessa fase, ocorre uma separação do indivíduo em relação à sua família, a fim de possibilitar a formação de sua própria identidade. Contudo, por que para alguns é mais difícil fazer essa “travessia” à fase adulta do que para outros? Talvez a resposta esteja, justamente, nos rompantes da imaturidade, cuja inexperiência tem levado, muitos desses jovens, mais impulsivos e, portanto, mais difíceis de serem controlados, a se aventurarem por caminhos tortuosos, que não raras vezes  os levam a autodestruição, com o consumo exagerado de drogas. Então, me vem à mente um pensamento de Nietzsche sobre o perigo de se olhar para o abismo, porque ele termina olhando de volta. E, com isso fica o alerta: só sobreviverá aqueles que conseguirem suportar o tal olhar que o abismo lança de volta.
No domingo, 29 de maio, no Fantástico, o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, se declarou a favor da regulamentação ao uso da maconha. Ele, inclusive, conduz o documentário “Quebrando o tabu”, onde, além de defender a descriminalização do uso de drogas, afirma, também, que há muito tempo a guerra contra as drogas fracassou. A relevância desse assunto justifica-se dado seu aspecto social. A questão é extremamente inquietante, pois, para atender ao consumo destas substâncias, cada vez maior, desenvolve-se a atividade do tráfico de drogas, corrompendo autoridades, criando um exército de “foras da lei”, em casos mais preocupantes, criaram-se “estados” dentro do Estado.
DROGAS - Entretanto, o que muitos não sabem é que essas substâncias utilizadas para produzir alterações, mudanças nas sensações, no grau de consciência e no estado emocional, e que são “potencializadas” de acordo com o psiquismo de cada um, podem deprimir, estimular ou perturbar a atividade do Sistema Nervoso Central e são chamadas de psicotrópicas, podendo levar o indivíduo a uma “viagem” sem retorno. No entanto, por considerarmos apenas produtos como a maconha, a cocaína, o crack, a heroína, solventes e inalantes, entre outras, como sendo ilegais, pouco se fala sobre as outras substâncias que, apesar de serem legalizadas, representam o mesmo perigo à saúde, como o álcool e o cigarro: drogas, assim como as demais.
Álcool - Basta uma observação amiúde para notarmos que, atualmente, jovens e adultos estão numa “curtição” de beber até cair. Alguns saem de casa para as "baladas" já com esse firme propósito: “entornar o caldo”. A diversão, portanto, fica relegada ao plano da “bebedeira”, e tudo isso com a conivência passiva da sociedade, que aprendeu, também, a só se divertir “movida a álcool”. Convenhamos, será que a maconha é mais nociva que o álcool?
Cigarro - Dentro desse contexto, o cigarro é outro vício que, mesmo tendo sido “camuflado”, numa versão para jovens, com a inclusão em sua composição de mais aditivos químicos, cujo objetivo é disfarçar o aroma e o sabor, continua matando, da mesma forma. E aqui a responsabilidade não é somente da sociedade ou dos pais, mas da indústria tabagista, que mesmo negando, faz todo o possível para seduzir, cada vez mais, os jovens ao vício.
Os cúmplices - Navegando pela internet, durante poucos minutos, encontramos milhares de fotos e vídeos, onde pais zelosos e amorosos expõem de forma deprimente sua ebriedade, ao lado dos seus filhos menores de idade – aqui a idade é somente um detalhe -, durante “inocentes” festas “tradicionais e familiares”. O que chama a atenção ao fato é que esses pais estão se esquecendo de que têm a responsabilidade de dar bons exemplos, sempre. Ainda assim, os "tontos" - me desculpem pelo trocadilho - mesmo trocando os pés e enrolando a língua, ao serem pegos nessa situação vexatória, pelos seus filhos, usam o velho argumento: “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Muito conveniente! Agindo dessa maneira acabam postergando sua culpa, sem imaginar que, futuramente, terão que lutar para que seus filhos não se espelhem nos seus atos.
Em resumo, enquanto a nossa sociedade permanecer machista e hipócrita, os jovens continuarão sendo incentivados a entrar no mundo das drogas. Os garotos, mesmo veladamente, sofrem pressão bem maior do que as garotas, já que há um conceito fálico de que a bebida e o cigarro conferem a eles um símbolo a mais de masculinidade. Ledo engano! O paradoxo está justamente no fato de que a junção dessas drogas tornará o jovem, precocemente, impotente, quiçá estéril. Aliás, lembrei agora de um pensamento de Herbert Marcuse: o tempo não cura nada, mas tira o incurável do foco central. Pense nisso, antes de se embriagar e fumar à presença daqueles que precisam e dependem de você como referência, para, somente assim, crescerem fortes e inteligentes o bastante para dizer não a todas às drogas, lícitas ou ilícitas. Essa é uma escolha singular, mas a pluralidade dos espelhos pode influenciar, muito. Maconha, cigarro, álcool... Regulamentadas ou não, TUDO ISSO É... DROGA! O diálogo, o bom senso e os bons exemplos são as únicas formas eficazes de combatê-la.